NAMORO NUMA CLÍNICA ODONTOLÓGICA

Pra começo de assunto, posso garantir que não nenhuma paquera na sala de espera de uma clínica, envolvendo um cliente e a secretária, nem também entre um casal que aguardava a sua vez de ser atendido. O namoro que me refiro aconteceu no interior de um consultório, o que sugere a primeira hipótese: foi uma paquera entre o dentista e uma bonita cliente? Ou entre um jovem e uma linda dentista? Nenhuma destas suposições. Então aconteceu um namoro entre homossexuais? Também não foi nada disto. Deixando o suspense, vamos ao que realmente aconteceu:

Ao sentir uma forte e insuportável dor de dente, imediatamente, mesmo sem marcar consulta, pois se tratava de uma emergência, procurei a clínica odontológica e tive que aguentar ser atendido por último. A dentista em questão era tão nova e bonita que eu costumava até brincar, dizendo para alguns colegas assim: com uma dentista deste porte eu até deixaria extrair dente sem anestesia...

Exagero à parte, não foi bem isto que aconteceu comigo naquela ocasião. Pois o dente que precisava ser extraído ficava num local tão difícil que ela logo se esquivou, falando que daria para tratá-lo e enfatizava dizendo que o melhor dentista não era o que extraía dente, mas sim aquele que o tratava. Diante da minha insistência pela extração, ainda a linda dentista argumentou, talvez até para me assustar:

-"Esse dente vai dar um trabalho!"

Não dei muita atenção a esta afirmação pessimista e sintonizando bem aquele semblante encantador repeti:

-Sinto muito, doutora, pode extraí-lo

-Tudo bem. Mas você se importa se o meu noivo fizer este serviço por mim?

-Seu noivo? Não estou entendendo.

-Sim, não se preocupe. Ele também é cirurgião-dentista e tem uma clínica perto daqui. Inclusive ele já está de saída. Se você não se importar, ligo pra ele.

-Tudo bem. O importante é sair daqui sem este dente.

Imediatamente ela fez uma ligação e constatei que ela comunicava aquela emergência ao seu noivo, o qual não demorou muito pra chegar. Imediatamente, após olhar qual o dente, logo aplicou a anestesia e, pedindo licença, refugiou-se numa salinha contígua e o namoro começou. Dava para ouvir sussurros abafados, como se fossem dois adolescentes fazendo algo proibido e, literalmente, fiquei boquiaberto com aquela situação. Só que não podia achar me incomodar, afinal eles não estavam fazendo nada demais. Os dois se amava e se pertenciam. Eram noivos. Iriam logo se casar. E eu com isso? Após alguns minutos ele regressou e logo em seguida a linda dentista também, por sua vez, arrumando os cabelos e com um olhar sorrateiro.

Não demorou muito, a pequena cirurgia chegava ao fim. Como não havia mais nenhum cliente e muito menos a secretária, o casal de pombinhos, quero dizer, de dentistas, evidentemente tinha tudo para terminar o que começaram a fazer, naquele ínterim da aplicação da anestesia para extração daquele dente que me causou uma dor insuportável. Afinal, a vida é bela. E viva o amor.

Joboscan

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 06/10/2013
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