Papagaio de suíço, tartaruga meninão, primeiras palavras e outras orelhadas
Desde os tempos da escrita à mão, a caneta se atira na frente e escreve “guaio” no final da palavra papagaio. Aconteceu de novo no computador. Não desconheço a grafia, mas são daquelas coisas inúteis que se grudam e não deixam a gente. Freud, aquele do cachimbo, dizia que rimos das piadinhas porque refletem algo a nosso respeito. O que justificaria por que rimos de algumas coisas e não vemos graça em outras que quase matam os outros de rir. Desde criança tenho fama de calada. Assim, guardei com muito gosto a piadinha do papagaio do suíço. Um feirante, daqueles que vendem de tudo, tinha um papagaio falante no alto da barraca. O suíço tentava compra-lo a qualquer preço. Desculpando-se por não poder vender aquele papagaio, de estimação para a família, prometeu trazer outro para que o próprio comprador o ensinasse a falar. Assim foi que na ausência de um emplumado, trouxe outro. O suíço, com sotaque típico, passou a ensinar todas as palavras que sabia para... uma coruja! Dias depois, passou para as compras da semana e o feirante perguntou-lhe: “E aí, o papagaio já está falando?” O suíço respondeu: “Pois, pois... Falar, ainda não fala, mas presta uma atenção!”
Se os ouvidos são seletivos, quando estamos num coletivo não podemos evitar ouvir esquisitices. O pai, com o filho de dois anos no colo, ensinava: “Fala filho, fala: Chupa-cabra!” O guri, com voz molinha, repetiu: “Thu-ta-ta-ba.” Outro dia, sentadas à minha frente, uma senhora respondeu para a outra: “Estou indo consultar. Comi um pastel e senti na primeira mordida que a bochecha descarrilou.” Não me perguntem, pois não tenho a mínima ideia do porque da escolha de palavras. No tempo em que aquele pai era menino, havia histórias de invasão de criaturas do espaço que atacavam as cabras no campo, deixando marcas no pescoço do animal, após chupar todo o seu sangue. Por isso o nome chupa-cabra. Quem sabe, ele teve uma cabra ou outro animal como bichinho de estimação?... Quanto às duas senhoras, ouvi que a bochecha havia sido descarrilada após morder o pastel assassino. Como no domingo haveria um churrasco boca-livre, segundo continuação da conversa, entendi que caberia ao dentista repor os dentes nos trilhos com urgência.
Por conta desta mania de "orelhada", no cabeleireiro outro dia ouvi de uma das clientes um caso curioso sobre uma tartaruga. Tudo começou porque tentávamos consolar a manicure da perda da sua cadelinha Chihuahua. A veterinária atribuiu o câncer do animal ao fato de não ter sido castrada ou vice-versa. Sabemos que não há motivo específico que se possa atribuir para esta doença nos animais ou nos humanos. Qualquer comentário neste sentido só acrescenta culpa à dor. Como sempre acontece nestes casos, a pessoa em luto promete nunca mais criar outro animalzinho para com isto evitar o apego. Aí veio a conversa da tartaruga perdida. Meninão era uma tartaruga que dormia em cima de um travesseiro ao lado da cama da dona. Deixava-se afagar, gostava de colo e tinha uma piscina inflável. A família foi veranear e levaram Meninão para a praia. Um dia esqueceram a porta aberta e Meninão, que andava por tudo, saiu de casa. Lá fora as crianças viram Meninão e o cercaram curiosos. Um avô, com receio de que o neto inventasse de adotar o animal, resolveu devolver a tartaruga ao valão, onde volta e meia era visto um daquela espécie. Quando se deram conta do desaparecimento de Meninão, saíram todos à procura. Foram até o valão e nada. Indagaram ao salva-vidas e este informou que viu a tartaruga sair do valão, atravessar a rua, quando um Fiat vermelho parou e o recolheu. Ele não anotou a placa. Começou a peregrinação pela praia atrás de todos os carros vermelhos, bordôs e verdes (o salva-vidas poderia ser daltônico). Tudo em vão. Anos se passaram e hoje a mãe-tartaruga é uma feliz mãe-gata. Espera que meninão não tenha virado ensopado, mas que esteja feliz com outra família.
Desde os tempos da escrita à mão, a caneta se atira na frente e escreve “guaio” no final da palavra papagaio. Aconteceu de novo no computador. Não desconheço a grafia, mas são daquelas coisas inúteis que se grudam e não deixam a gente. Freud, aquele do cachimbo, dizia que rimos das piadinhas porque refletem algo a nosso respeito. O que justificaria por que rimos de algumas coisas e não vemos graça em outras que quase matam os outros de rir. Desde criança tenho fama de calada. Assim, guardei com muito gosto a piadinha do papagaio do suíço. Um feirante, daqueles que vendem de tudo, tinha um papagaio falante no alto da barraca. O suíço tentava compra-lo a qualquer preço. Desculpando-se por não poder vender aquele papagaio, de estimação para a família, prometeu trazer outro para que o próprio comprador o ensinasse a falar. Assim foi que na ausência de um emplumado, trouxe outro. O suíço, com sotaque típico, passou a ensinar todas as palavras que sabia para... uma coruja! Dias depois, passou para as compras da semana e o feirante perguntou-lhe: “E aí, o papagaio já está falando?” O suíço respondeu: “Pois, pois... Falar, ainda não fala, mas presta uma atenção!”
Se os ouvidos são seletivos, quando estamos num coletivo não podemos evitar ouvir esquisitices. O pai, com o filho de dois anos no colo, ensinava: “Fala filho, fala: Chupa-cabra!” O guri, com voz molinha, repetiu: “Thu-ta-ta-ba.” Outro dia, sentadas à minha frente, uma senhora respondeu para a outra: “Estou indo consultar. Comi um pastel e senti na primeira mordida que a bochecha descarrilou.” Não me perguntem, pois não tenho a mínima ideia do porque da escolha de palavras. No tempo em que aquele pai era menino, havia histórias de invasão de criaturas do espaço que atacavam as cabras no campo, deixando marcas no pescoço do animal, após chupar todo o seu sangue. Por isso o nome chupa-cabra. Quem sabe, ele teve uma cabra ou outro animal como bichinho de estimação?... Quanto às duas senhoras, ouvi que a bochecha havia sido descarrilada após morder o pastel assassino. Como no domingo haveria um churrasco boca-livre, segundo continuação da conversa, entendi que caberia ao dentista repor os dentes nos trilhos com urgência.
Por conta desta mania de "orelhada", no cabeleireiro outro dia ouvi de uma das clientes um caso curioso sobre uma tartaruga. Tudo começou porque tentávamos consolar a manicure da perda da sua cadelinha Chihuahua. A veterinária atribuiu o câncer do animal ao fato de não ter sido castrada ou vice-versa. Sabemos que não há motivo específico que se possa atribuir para esta doença nos animais ou nos humanos. Qualquer comentário neste sentido só acrescenta culpa à dor. Como sempre acontece nestes casos, a pessoa em luto promete nunca mais criar outro animalzinho para com isto evitar o apego. Aí veio a conversa da tartaruga perdida. Meninão era uma tartaruga que dormia em cima de um travesseiro ao lado da cama da dona. Deixava-se afagar, gostava de colo e tinha uma piscina inflável. A família foi veranear e levaram Meninão para a praia. Um dia esqueceram a porta aberta e Meninão, que andava por tudo, saiu de casa. Lá fora as crianças viram Meninão e o cercaram curiosos. Um avô, com receio de que o neto inventasse de adotar o animal, resolveu devolver a tartaruga ao valão, onde volta e meia era visto um daquela espécie. Quando se deram conta do desaparecimento de Meninão, saíram todos à procura. Foram até o valão e nada. Indagaram ao salva-vidas e este informou que viu a tartaruga sair do valão, atravessar a rua, quando um Fiat vermelho parou e o recolheu. Ele não anotou a placa. Começou a peregrinação pela praia atrás de todos os carros vermelhos, bordôs e verdes (o salva-vidas poderia ser daltônico). Tudo em vão. Anos se passaram e hoje a mãe-tartaruga é uma feliz mãe-gata. Espera que meninão não tenha virado ensopado, mas que esteja feliz com outra família.