IRLANDA
De repente, a saudade me remete à Irlanda e a sua gente. Remanescem lembranças da terra de São Patrício com seus grandes escritores, consagrados atores, brilhantes cantores e variadas referências histórico culturais.
Viver em ilha por longo tempo pode ser enfadonho para um carioca: faz-lhe sentir-se peixe fora d'água, uma vez que seus conceitos territoriais e suas ansiedades se medem em escalas continentais; o mar lhe é saudável, mas não necessariamente tão próximo em todas as direções.
As impressões primeiras na Ilha Esmeralda contrastaram com o espectro de meu universo. A limitadíssima porção de terra parecia pequena demais para atender a intensidade de emoções às quais me cria predestinado. Viver naquelas plagas, em princípio, demandou renúncias a paixões tropicais e requereu adaptação a prazeres que não me eram tão comuns: anuência ao convívio constante com o frio, a intimidade permanente com a chuva e a costumeira sujeição aos fortes ventos, cujas presenças são lugar comum nos ares celtas. Qualquer semelhança com o Rio de Janeiro seria mui rara coincidência.
Relevando o rigor da temperatura, as precipitações pluviométricas e os intermitentes sopros uivantes, a Irlanda logrou suscitar em mim encanto por suas paisagens, fascínio pelo sorriso espontâneo e belo em faces amigas, vislumbre ao observar a capacidade de superação de uma raça ante laivos das adversidades que a história impôs a suas gerações passadas e presente.
Houvesse alguma frustração, esta se restringiria por conta de minha incapacidade no aprender da língua gaélica, cujo desafio pelo sucesso me reservo numa próxima oportunidade em que venha a residir naquele solo saudoso de povo hospitaleiro.