Francisco, o boêmio
Calma, não é o papa Francisco. É Francisco de Assis em torno do qual muitas e interessantes histórias são contadas. E aqui recordo algumas, pedindo, antes, a bênção do santo amigo que, desde cedo, adotei como meu santo protetor.
Para os que conhecem a história do Pobrezinho de Assis, nada de novo; mas ainda há os que não a conhecem ou a conhecem parcialmente.
Uma coisa me parece certa: por causa do papa Francisco, muita gente está querendo saber tudo sobre a vida e a obra do milagroso Homem (santo) do Segundo Milênio. Me arriscaria até a dizer que o papa Bergoglio está franciscanizando o mundo!
Vamos lá. Onde Francisco nasceu. - Em Assis, cidade distante 195 km de Roma, no dia 5 de julho de 1181 ou 1182. Assis fica na Úmbria, uma das regiões mais bonitas da Itália, emoldurada pelos Apeninos e banhada pelo Rio Tibre. Estive duas vezes na modesta casa onde ele nasceu.
Seus pais. - Pietro di Bernadone dei Moriconi, um rico comerciante de Assis e Pica ou Giovanna Bourlemont, "uma nobre mulher de origem francesa."
Seu nome. Foi batizado com o nome de João (Giovanni di Pietro de Bernadone) pela sua mãe sem o conhecimento de seu pai que, no dia do seu nascimento, estava viajando.
Ao retornar da viagem, Pietro "imediatamente mudou o nome de João pelo de Francisco." Chamando-o de Franccesco, o francesinho, Pietro quis homenagear a França, onde desenvolvia, com sucesso, o seu comércio. Portanto, na Certidão de Batismo Francisco é João.
Com o Crucificado. - São Damião, uma igrejinha em ruínas. Um dia, nessa pequena igreja de Assis, diante de um crucifixo bizantino, Francisco teria ouvido do Crucificado este apelo: "Francisco, não vês que minha igreja está sendo destruída? Vai, então, e conserta-a para mim."
Interpretações existem, segundo as quais, o pedido que o Crucificado lhe fizera fora para que salvasse a Igreja da destruição, naquele momento atravessando sérias dificuldades, e não, apenas, a reconstrução do pequeno templo assissense em ruínas.
Francisco ajudou a reconstruir São Damião, e, com sua vida santa e exemplar, tem contribuído, até hoje, para que a Igreja de Cristo não perca a sua autenticidade.
O presépio - Há quem considere Francisco o inventor do presépio natalino. Na cidade de Greccio ele armou seu presépio. Se foi o primeiro ou não, o certo é que o Poverello ajudou a popularizar o presépio natalino.
O lobo - Um lobo feroz apavorava a pequena cidade italiana de Gubbio. Francisco, num rápido diálogo com a fera furibunda e faminta, acalmou-a, livrando os moradores de Gubbio das garras impiedosas do indócil lobo.
Os passarins - Francisco era apaixonado pelos passarinhos. Escreveu Leonardo Boff: "Ele falava aos pássaros e eles o escutavam." Conta-se que o irmão Francisco gostava de ver e ouvir a cotovia, um pássaro muito parecido com um frade.
No seu livro Francisco de Assis, O santo relutante, Donald Spoto diz que, na hora da morte do Poverello, "muitos pássaros, chamados cotovias, esvoaçavam por sobre o teto da cabana onde ele jazia, fazendo círculos e cantando."
O poeta - Ao compor o Cântico das Criaturas ou o Canto do Irmão Sol , Francisco, ainda de acordo com um dos seus biógrafos, "acabava de compor o primeiro exemplo de poesia em italiano vernáculo." Aos seus irmãos de hábito, o vate Francisco pedia que repetissem sempre: "Somos menestréis de Deus."
Um caso de amor - Clara, menina linda e de família rica de Assis, de repente, apaixonou-se pela vida e pela pregação de Francisco. E não hesitou em lhe seguir os passos: fugiu de casa, e caiu nos braços do Poverello que a acolheu com respeito e carinho. Com ela, ele fundou a Ordem das Clarissas.
Os estigmas - Estigma: marca, cicatriz, ensina Houaiss. Francisco teria recebido "as marcas das cinco chagas de Jesus pregado na cruz". Eu disse teria, porque ainda não se tem como uma verdade inarredável a estigmatização do Santo de Assis. Registra Donald Spoto que o papa Gregório IX, na proclamação da canonização de Francisco, não faz referência às estigmas...
Seja como for, Francisco de Assis continua sendo o santo portador das cinco chagas do Crucificado. Por isso ele é também chamado de São Francisco das Chagas.
Mas, antes do santo, Francisco, o boêmio. Antes de se converter, de ser reconhecido como o Alter Christus, Francisco foi um dos mais ativos e badalados boêmios de Assis.
Esse momento patusco na vida do Poverello está registrado em numerosos depoimentos de seus confrades e biógrafos.
No seu livro Francisco - uma vida que questiona, Fernando Uribe Escobar, OFM, escreve que ele "aproveitava toda ocasião que surgia para ir-se com amigos de folguedos e formar coros numa esquina, organizar uma festa ou cantar animadamente pelas ruas de sua cidade."
E prossegue o escritor franciscano dizendo que Francisco "distinguia-se entre todos por sua melodiosa voz, sua alegria, sua generosidade em compartilhar tudo o que levava no bolso."
Sobre Francisco, o boêmio, escreveu Tomás de Celano, seu contemporâneo e primeiro biógrafo: - "Superou os jovens de sua idade nas frivolidades."
- "Todos o admiravam e ele procurava sobrepujar aos outros no fausto da vanglória, nos jogos, nos passatempos, nas risadas e conversas fúteis.
- "Porque era rico, não fazia economia;não ajuntava dinheiro,dispersava os bens. - ..."se entregava febrilmente aos pecados com o calor juvenil."
Na Legenda dos três companheiros, Frei Leão, Frei Rufino e Frei Ângelo disseram que o amigo Francisco "Vivia na boemia jogralesca, passeando de dia e de noite pela cidade de Assis, em companhia de amigos do mesmo temperamento, pródigo nos gastos e dissipando tudo o que tinha e ganhava em banquetes e festas e outras superficialidades."
Aqui, pois, algumas histórias - Oh! São tantas! - do "Irmão Universal ", que aqui recordo, neste 4 de outubro, dia em que o mundo católico (e o não católico, também!) homenageia e reza aos pés desse singular e amado taumaturgo.
Francisco morreu em Assis na madrugada de 3 para 4 de outubro, e em Assis está enterrado. Rezei no seu túmulo!
Em 16 de julho de 1228, portanto, dois anos após sua morte, o Papa Gregório IX o cananizou.
Calma, não é o papa Francisco. É Francisco de Assis em torno do qual muitas e interessantes histórias são contadas. E aqui recordo algumas, pedindo, antes, a bênção do santo amigo que, desde cedo, adotei como meu santo protetor.
Para os que conhecem a história do Pobrezinho de Assis, nada de novo; mas ainda há os que não a conhecem ou a conhecem parcialmente.
Uma coisa me parece certa: por causa do papa Francisco, muita gente está querendo saber tudo sobre a vida e a obra do milagroso Homem (santo) do Segundo Milênio. Me arriscaria até a dizer que o papa Bergoglio está franciscanizando o mundo!
Vamos lá. Onde Francisco nasceu. - Em Assis, cidade distante 195 km de Roma, no dia 5 de julho de 1181 ou 1182. Assis fica na Úmbria, uma das regiões mais bonitas da Itália, emoldurada pelos Apeninos e banhada pelo Rio Tibre. Estive duas vezes na modesta casa onde ele nasceu.
Seus pais. - Pietro di Bernadone dei Moriconi, um rico comerciante de Assis e Pica ou Giovanna Bourlemont, "uma nobre mulher de origem francesa."
Seu nome. Foi batizado com o nome de João (Giovanni di Pietro de Bernadone) pela sua mãe sem o conhecimento de seu pai que, no dia do seu nascimento, estava viajando.
Ao retornar da viagem, Pietro "imediatamente mudou o nome de João pelo de Francisco." Chamando-o de Franccesco, o francesinho, Pietro quis homenagear a França, onde desenvolvia, com sucesso, o seu comércio. Portanto, na Certidão de Batismo Francisco é João.
Com o Crucificado. - São Damião, uma igrejinha em ruínas. Um dia, nessa pequena igreja de Assis, diante de um crucifixo bizantino, Francisco teria ouvido do Crucificado este apelo: "Francisco, não vês que minha igreja está sendo destruída? Vai, então, e conserta-a para mim."
Interpretações existem, segundo as quais, o pedido que o Crucificado lhe fizera fora para que salvasse a Igreja da destruição, naquele momento atravessando sérias dificuldades, e não, apenas, a reconstrução do pequeno templo assissense em ruínas.
Francisco ajudou a reconstruir São Damião, e, com sua vida santa e exemplar, tem contribuído, até hoje, para que a Igreja de Cristo não perca a sua autenticidade.
O presépio - Há quem considere Francisco o inventor do presépio natalino. Na cidade de Greccio ele armou seu presépio. Se foi o primeiro ou não, o certo é que o Poverello ajudou a popularizar o presépio natalino.
O lobo - Um lobo feroz apavorava a pequena cidade italiana de Gubbio. Francisco, num rápido diálogo com a fera furibunda e faminta, acalmou-a, livrando os moradores de Gubbio das garras impiedosas do indócil lobo.
Os passarins - Francisco era apaixonado pelos passarinhos. Escreveu Leonardo Boff: "Ele falava aos pássaros e eles o escutavam." Conta-se que o irmão Francisco gostava de ver e ouvir a cotovia, um pássaro muito parecido com um frade.
No seu livro Francisco de Assis, O santo relutante, Donald Spoto diz que, na hora da morte do Poverello, "muitos pássaros, chamados cotovias, esvoaçavam por sobre o teto da cabana onde ele jazia, fazendo círculos e cantando."
O poeta - Ao compor o Cântico das Criaturas ou o Canto do Irmão Sol , Francisco, ainda de acordo com um dos seus biógrafos, "acabava de compor o primeiro exemplo de poesia em italiano vernáculo." Aos seus irmãos de hábito, o vate Francisco pedia que repetissem sempre: "Somos menestréis de Deus."
Um caso de amor - Clara, menina linda e de família rica de Assis, de repente, apaixonou-se pela vida e pela pregação de Francisco. E não hesitou em lhe seguir os passos: fugiu de casa, e caiu nos braços do Poverello que a acolheu com respeito e carinho. Com ela, ele fundou a Ordem das Clarissas.
Os estigmas - Estigma: marca, cicatriz, ensina Houaiss. Francisco teria recebido "as marcas das cinco chagas de Jesus pregado na cruz". Eu disse teria, porque ainda não se tem como uma verdade inarredável a estigmatização do Santo de Assis. Registra Donald Spoto que o papa Gregório IX, na proclamação da canonização de Francisco, não faz referência às estigmas...
Seja como for, Francisco de Assis continua sendo o santo portador das cinco chagas do Crucificado. Por isso ele é também chamado de São Francisco das Chagas.
Mas, antes do santo, Francisco, o boêmio. Antes de se converter, de ser reconhecido como o Alter Christus, Francisco foi um dos mais ativos e badalados boêmios de Assis.
Esse momento patusco na vida do Poverello está registrado em numerosos depoimentos de seus confrades e biógrafos.
No seu livro Francisco - uma vida que questiona, Fernando Uribe Escobar, OFM, escreve que ele "aproveitava toda ocasião que surgia para ir-se com amigos de folguedos e formar coros numa esquina, organizar uma festa ou cantar animadamente pelas ruas de sua cidade."
E prossegue o escritor franciscano dizendo que Francisco "distinguia-se entre todos por sua melodiosa voz, sua alegria, sua generosidade em compartilhar tudo o que levava no bolso."
Sobre Francisco, o boêmio, escreveu Tomás de Celano, seu contemporâneo e primeiro biógrafo: - "Superou os jovens de sua idade nas frivolidades."
- "Todos o admiravam e ele procurava sobrepujar aos outros no fausto da vanglória, nos jogos, nos passatempos, nas risadas e conversas fúteis.
- "Porque era rico, não fazia economia;não ajuntava dinheiro,dispersava os bens. - ..."se entregava febrilmente aos pecados com o calor juvenil."
Na Legenda dos três companheiros, Frei Leão, Frei Rufino e Frei Ângelo disseram que o amigo Francisco "Vivia na boemia jogralesca, passeando de dia e de noite pela cidade de Assis, em companhia de amigos do mesmo temperamento, pródigo nos gastos e dissipando tudo o que tinha e ganhava em banquetes e festas e outras superficialidades."
Aqui, pois, algumas histórias - Oh! São tantas! - do "Irmão Universal ", que aqui recordo, neste 4 de outubro, dia em que o mundo católico (e o não católico, também!) homenageia e reza aos pés desse singular e amado taumaturgo.
Francisco morreu em Assis na madrugada de 3 para 4 de outubro, e em Assis está enterrado. Rezei no seu túmulo!
Em 16 de julho de 1228, portanto, dois anos após sua morte, o Papa Gregório IX o cananizou.