COZINHAR UM OVO POR CORRESPONDÊNCIA
COZINHAR UM OVO POR CORRESPONDÊNCIA
Não desaprovo nem aprovo nada, sou imparcial; minhas opiniões são como luva de pelica, que na face seca as lágrimas e nas mãos acariciam. Prefiro perder os ínfimos pelos da venta e o humor, do que os cabelos da cabeça ou meu complexo de inferioridade, por ser alfabetizado.
A metamorfose da escrita vai bem, mas a sincronização é que é enfadonha. Ficção é estória; e, a história está sem película. Ainda mais que a literatura não é atividade intelectual. A nossa melhor musa ainda é a tal da ideia (que para muitos é inspiração); que não pode ser produzida num curso por correspondência.
Para escrever não precisa viver na história, só carece imaginar... E escrever!
Por que e para que usar parágrafos, travessões, vírgulas e pontos? Fica a critério e caráter do escrevente.
Precisamos de escola pública para todos, com uma grade curricular direcionada para o futuro, com professores bem capacitados, bem pagos, comprometidos e engajados no que fazem, e acima de tudo satisfeitos. Escola esta em tempo integral, no bairro onde mora o aluno, sem precisar perder tempo com deslocamentos e ser acompanhados até o estabelecimento (cadê segurança?); para as crianças de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental, para os de ensino médio e adolescentes de todas as camadas, dos menos favorecidos aos ricos; com três refeições diárias. Com biblioteca, auditório e espaços apropriados para esportes (para não falar de utopia...).
Precisamos também de ensino técnico, profissionalizante.
Hoje o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de ler e compreender o que está lendo, muitos nem conseguem conjugar um verbo; não sabem tabuada. Poucos conhecem os pontos cardeais, ignoram onde o sol nasce. Em casa não são capazes de coar um café, muito menos cozinhar um ovo.
E assim soçobramos na contemporaneidade sem graça e sem jaça; para não tirar o chapéu e pedir um óbolo literário (rio para não chorar).