Feijão com Arroz

Ela não me viu partir. Deixei sinais, pistas propositadas, como um criminoso que deseja ser pego, deixei as minhas digitais emocionais em seu corpo; nos abraços eternos, nos olhares de adeus, mas ela não percebeu, até quando era tarde demais.

Tarde demais é quando o amor respira pela ultima vez; é quando o relacionamento acaba de morrer; é quando chegamos a um ponto de não retorno; é quando o que foi, não tornará a ser.

O amor desse ponto em diante vira uma lembrança, um prato favorito que se tornou feijão com arroz. A solidão já não assusta, pois percebemos que já estávamos sozinhos, mesmo acompanhados.

Então cai a máscara, as cortinas se abrem e percebemos que o show vai continuar. O amor que parecia só ocorrer uma vez na vida revela sua múltipla face e percebemos aliviados: voltaremos a amar.

Ela não me viu partir, mas não a perdi, ela que me perdeu.

Seus olhos ainda brilham no meu coração, mas não mais como um sol único no meu céu e sim como estrela distante numa imensidão com outras tantas.