DIZER ADEUS FAZ PARTE DA VIDA

Encontros e despedidas fazem parte da vida. Assim como encontrar pessoas, se tornar amigos, conviver, estar junto por um tempo também chega o momento de nos despedirmos, de nos afastarmos, de nos distanciarmos. E isso se dá de uma forma natural, às vezes sem planejamento, sem procurar, sem conveniência. Afastar-se sempre machuca. Não existe nenhuma separação que não nos cause dor e sofrimento por mais insignificante que ela seja. Separar é romper laços, é desfazer vínculos e isso sempre vem precedido da sensação de perda que nos invade e nos machuca muito por dentro. E quem de nós não já atravessou a dor da perda, da despedida, seja pelo campo emocional, seja pelo campo físico. As perdas causam em nós uma sensação entranha porque fomos acostumados a apenas ter, a receber e nunca abrir mão ou se desfazer daquilo que é “nosso”. Nos fomos habituados e criados para aprender apenas ter, a reter, a manter sob o nosso rígido domínio aquilo que supostamente nos ganhamos ou adquirimos. Mas o fato é que nada em nossa vida é eterno, nem mesmo nós somos eternos no campo físico, com uma vida material muito exígua. Temos que aprender a questão do desapego, do abri mão, do dispor. Temos que aprender que não somos donos de nada e que apenas nos é concedido um empréstimo de caráter temporário para que aquilo que temos seja usado por nós em favor de uma humanidade melhor, mais justa e fraterna. Entender que as pessoas que passam em nossas vidas, seja nossa família, amigos, companheiros de trabalho, conhecidos, são instrumentos de Deus para nos aprimorar ainda mais e nos fazer ver o seu reflexo em nossas vidas, mas que nenhuma delas é uma “propriedade” que podemos reter de acordo com nosso interesse, nossa necessidade e nossa vontade. Finalmente temos que compreender que perdas, despedidas não podem nos causar sofrimentos e dor, porque são processos naturais e que se elas acontecem é porque Deus em sua infinita misericórdia e bondade tem projetos e propósitos grandiosos para nós quando nos permite que tais coisas aconteçam. Que aprendamos a humildade do desprendimento e do desapego, que cultivemos em nós um espírito de simplicidade, tal qual um jovem da cidade de Assis demonstrou a quase mil anos, quando abrindo mão de tudo aquilo que lhe pertencia, alcançou algo ainda maior e mais necessário a todos nós que é a Santidade. Miremos no exemplo de Francisco de Assis e possamos perceber que se perdermos algo é apenas a vida dando espaço para que algo ainda maior venha ao nosso encontro.