Quando o amor acontece
Ontem os meus olhos cruzaram com outros que me olhavam. Acho que me perturbei um pouco naquele brilho, não sei se verde ou azul que vinha às minhas pupilas castanhas. Eram como as ondas do mar, indo e vindo, atraindo-me e vindo à margem do meu lago olhar.
Ela sorriu, leve e discreta, como a brisa, e desviava-se de mim como o vento a perpassar-me a pele numa carícia suave e fortuita.
Correspondi-lhe sorrindo e sussurrando algumas palavras, acenando as sobrancelhas, movendo os lábios e, instintivamente, as mãos. Envolvi-me naquela atração platônica, interrogativa, ansiosa e emotiva.
Aproximei-me. Algo motivaria um diálogo, inevitável ali tão próximo. Olhamo-nos nos olhos. Toquei-lhe a mão aquecendo-a na minha.
- Roney...
- Sandra...
Quase não entendia o que estava acontecendo. Tudo tão súbito e evidente. Nunca havia me aproximado assim de uma garota. Uma atração inexplicável, silenciosa e irresistível nos colocara ali tão próximos.
Beijamo-nos. Senti-a estremecer. Sei que a fiz sentir meu coração pulsando. Eu estava quase trêmulo. Suas mãos acariciavam-me. Todo o seu corpo junto ao meu, apoiado em meus braços. E nos beijamos muito entre frases entrecortadas. E olhamos a noite linda. Ela me disse, entre os meus beijos, "eu te amo!"
Deixei-a em casa. Demorei muito a dormir lembrando-me e pensando. Pensando e sorrindo. No celular uma mensagem: "Durma bem e sonhe comigo". Então, feliz e sonolento disse a mim mesmo: estou apaixonado!