O ANACORETA.

O anacoreta vive emparedado, enredado na sua recusa à humanidade, uma trama que ele mesmo engendrou para tentar em vão eliminar suas fobias. Para ele a sociedade o maltratou, quando por força de seus fracassos maltrata a si mesmo.

Lá fora brilha a festa dos sentidos por ele desconhecida. O recolhimento é forçado, sua imagem o incomoda refletida na humanidade que o incomodaria. Inverte a lógica já que números menores apontam problemas de padrão para o que os maiores elegem.Nesse passo caminha para o nada e renega tudo. Não lhe serve o óbvio que conceitua o convívio, razão do indiferente para si negativo.

Moram em lugares sombrios, cavernas escuras, próximas aos pântanos ou em habitações urbanas íntimas de lugares inóspitos, fétidos.

Nem os santos nem os monges recolhidos evitaram o convívio de seus próximos, o recolhimento serviu à iluminação, para ensinarem. Anacoretas forçados pela patologia se insulam em problemas intransponíveis, nada têm a ensinar, não puderam se salvar da simples caminhada que os humanos fazem na vida aspirando subir a montanha.

Penam suas penas e as refletem com visão expandida, se de alguma forma podem se comunicar. Ardem em sangue visível em recônditas imagens quando surgem na inviável e desastrosa comunicabilidade que ocorre por força da imensa participação “inter partes” como hoje se afigura no mundo.

São como centelhas dos enormes curtos que a vida já tão desgastada pelo inevitável demonstra para que dessas pessoas tiremos a escola de como não se conduzir.

Ninguém vê o sol se não levanta a cabeça, muito menos lhe penetra a luz se vive encarcerado. Ninguém caminha se não fica de pé. As estrelas, se viram algum dia e também foram recusadas, serão eternas lembranças.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 30/09/2013
Reeditado em 30/09/2013
Código do texto: T4504751
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