Hóspede em casa


Estávamos no restaurante quando minha amiga disse que tinha hóspede em casa. E você vai levar uma quentinha pra ele? Perguntei intrigada. Rindo ela contou que era o cachorrinho da sua filha, ela precisou viajar. Então ele ficou preso na área de serviço, né? Não! Eu só fechei a porta dos quartos. Todos os que estavam à mesa arregalaram os olhos. Posso imaginar a bagunça que você vai encontrar, alguém palpitou. Será?... mas ele é tão bonzinho...

Ficamos, então, a fazer as mais variadas conjecturas. E se ele subir no sofá? Ele não vai conseguir, é muito pequenininho, ela garantiu. Mas de tanto tentar ele pode e rasgar o tecido... nós atiçamos. E se ele morder o fio e derrubar o abajur?...Ele não vai fazer isso, tenho certeza. Certeza nós temos é de que ele vai fazer xixi pela casa, continuamos. Acho bem provável, ela disse, mas assim que ele for embora vou passar pano molhado no chão, não tem problema.

No dia seguinte, curiosa, telefonei para saber como tinha sido a ‘permanência solitária’ do cachorrinho na casa da minha amiga. Ah! Você nem pode imaginar. Quando abri a porta, logo o vi deitadinho numa almofada no meio da sala, como um anjo. Respirei aliviada. Só depois que entrei é que pude ver o estrago. Duas almofadas estraçalhadas, com o recheio todo picado. O abajur no chão, com a lâmpada quebrada. O sofá cheio de marcas de suas unhinhas. E xixi pra todo lado! Vocês tinham razão, até me lembrei daquele filme do Marley...



(*) imagem google