Professar
Quando o sábado chegou, no lugar das nuvens, o céu estava repleto de traços e linhas. Era claro! O Grande Artista estava pintando o mundo, quando foi surpreendido pelo dia.
Olhando para o céu, estava Odlavir, que poderia estar dormindo, mas feito passarinho, saiu bem cedo do seu ninho. Ninguém gosta de trabalhar no fim-de-semana, mas naquela manhã fria, ele não desejava estar em qualquer outro lugar, além do banco daquele ônibus que rumava para Osasco. A aula começava às 8h e ele tinha aulas para dar.
Não há nada melhor no mundo que fazer o que se gosta. Alguns pintam o mundo, outros ensinam. Ser professor pode não pagar as contas, mas quem dá aulas não quer fazer outra coisa.
Assim como ninguém presta atenção aos pincéis do Grande Artista recriando o mundo todos os dias, ser professor é trabalhar nos bastidores para o desenvolvimento das pessoas. Às vezes, eles são surpreendidos pelas contas; outras vezes pelos alunos preguiçosos demais para pensar; mas quando percebem que plantaram uma sementinha de discernimento na mente entorpecida; ou que o gosto pelo pensar está prestes a germinar, eles se dão conta do quanto o seu trabalho é importante e, seja em qualquer dia, ou em qualquer lugar; eles não desistem do que devem e fazem por prazer, afinal quem ensina segue adiante coma sua sina: há todo um mundo para ajudar a despertar e não há hora alguma para reclamar.