Palmas à Pluralidade
Realmente, temos que concordar com o que já disseram por aí: como uma nação consegue viver bem ou conviver com mais de trinta partidos políticos? Não que devêssemos ter apenas dois, como a referência USual que não nos deixam esquecer. Mas que pode ser recomendável.
Defendamos a pluralidade. Mas dessa forma?
O que leva uma nação a ter mais de trinta agremiações políticas? Será a necessidade de resolver problemas que permanecem sem solução há mais de um século? Ou será a necessidade de as pessoas terem as suas pretensões individuais atendidas? Com uma vida financeira sem problemas, pelo menos por algum tempo (normalmente por muito tempo)?
Há cidadãos que, graças ao seu esforço, tenacidade, obstinação e talento, conseguem se estabelecer comercialmente e fazer grande sucesso. Às vezes em pouco tempo. Alguns se dedicam à carreira política. Não atrás de dinheiro, mas de uma quantidade maior de poder.
Outros veem na carreira política primeiro a possibilidade de uma realização pessoal ou independência financeira. Depois a chance de uma boa dose de poder. A solução dos problemas do país normalmente serve apenas como trampolim aos desígnios básicos dessas pessoas. Até porque, no limite, os problemas brasileiros podem depender das pressões que os países mais desenvolvidos exercem para que permaneçamos no subdesenvolvimento. Inclusive, em muitos casos, com a conivência, subserviência ou corrupção de nossas autoridades ou pessoas com influência no comando da nação.
Por outro lado, é mais do que natural a atração que um mandato eletivo exerce sobre as pessoas de um modo geral. São inúmeras as vantagens atreladas à carreira política, sem qualquer paralelo com a vida funcional ou operacional do trabalhador comum. A começar por uma carga horária de trabalho indefinida e a ausência de um chefe imediato ou de qualquer chefe. Além do recesso parlamentar, que significa férias que nunca nenhum trabalhador comum há de conseguir em sua vida. A prerrogativa, estabelecida em lei, que os políticos têm de definir seus próprios salários é outra que ninguém tem na sociedade. Nem mesmo grandes empresários às vezes a conseguem.
E ficaríamos aqui enumerando sem parar esse contingente de itens que transformam os políticos em pequenos reis ou príncipes diante de seus eleitores. Que os elegem na intenção de que eles pudessem mesmo ajudar na solução dos problemas do país.
Além disso, com o aumento do número de partidos políticos, aumenta também a chance do sucesso eleitoral. Porque quem vota precisa ter a chance de pensar que está votando em algo novo, em novas pessoas. É como o restaurante que muda de nome para parecer que mudou de direção. Além do fato de que, com um número menor de candidatos, pelo nosso sistema eleitoral acreditamos que sejam maiores as chances de o concorrente ser eleito.
Mais uma coisinha: quando nos lembramos das nações cujo número de partidos políticos não chega a dois dígitos, nos esquecemos de dizer que nesses países o voto é FACULTATIVO.
Rio, 26/09/2013