ENQUANTO BRINCAM OS SENHORES DA GUERRA

2081, sessenta e oito anos depois de terminada a Terceira Guerra Mundial, as tribos dos cinco cantos do mundo declaram a Quarta. O anúncio do embate chega via som de tambores percutidos ininterruptamente de um a um dos continentes. Os habitantes das orlas marítimas do planeta, mesmo surpresos, se incumbem de repassar a notícia para o interior, reeditando a primeira maratona. Na verdade, ao perceberem e interpretarem os batuques, ficaram tão perplexos que nenhum deles soube explicar de onde tinha vindo a fatídica mensagem e puseram-se a correr. Desde a última peleja, global e nuclear, onde nos céus cruzavam mísseis invisíveis e mortais, no mar, submarinos submergiam e emergiam estrategicamente situados para promover a destruição atômica e, em terra, ah! em terra, eram tantos os tipos de armas químicas letais que quem sobrou não sobreviveu pra contar e os poucos pensantes que restaram, iludidos, afirmavam:

_ Guerra? Impossível!

2013, sessenta e oito anos depois da II Guerra Mundial, ao ler que Obama e Putin brincam de terceira guerra mundial, eu me lembro da resposta dada por Einstein à pergunta sobre como, para ele, seria a próxima guerra mundial:

_A terceira? Não sei, mas a quarta certamente será a paus e pedras.

Enquanto estadistas brincam de requentar a guerra fria - eu, tu, ele, nós, vós, eles – tratemos seriamente de aquecer a paz.