SEMAFORO SONORO PARA DEFICIENTES VISUAIS

Na Semana de 13 a 19 de setembro, circulou no jornal da região onde moro uma reportagem cuja manchete era “SINALIZAÇÃO PARA DEFICIENTES VISUAIS É FALHA”.

- Muito falha, digo eu. Por que até hoje o sinal verde para pedestre não é sonoro? Muito caro ou simplesmente descaso das autoridades públicas aos deficientes visuais? Eu acho que é descaso, infelizmente.

Há questão de uns quatro anos, eu caminhava pela calçada e cheguei a um semáforo. Estava fechado, mas do meu lado havia uma garota reclamando:

- Poxa vida, não há ninguém que ajude. Ô gente...

Olhei e vi uma bengala, logo deduzi. Aquela travessia é muito movimentada.

- Estou chegando agora, se o seu problema é atravessar, segure em meu braço e tão logo o semáforo abra nós atravessaremos com segurança.

- Ah, obrigada, finalmente surgiu alguém que me ajude.

- Nada acontece por acaso, disse eu.

- Como assim?

- Eu sou socorrista, já trabalhei como voluntário para uma ONG internacional e para um grande hospital aqui de São Paulo. E no seu caso eu jamais deixaria de oferecer os meus préstimos. Assim meu dia começa bem. Fico muito feliz quando posso ajudar alguém. Agora vamos atravessar.

Terminando a travessia, eu disse: - Agora você precisa soltar o meu braço, pois a calçada à frente se estreita e só hoje eu percebo que há à sua frente um hidrante e na minha frente um poste e, ao lado dele, avançando para a calçada há um orelhão e isso estreita muito a passagem. Depois vamos continuar porque logo à frente estão quebrando a calçada e há apenas uma passagem junto ao meio fio na própria avenida. Você teve um amigo que a ajudou e eu fiz uma boa ação. Por isso eu disse “nada acontece por acaso”.

Continuamos a curtíssima caminhada, com ela segurando em meu braço.

- O senhor pode me deixar na rua Tirso Martins que de lá fica muito perto de onde vou.

E assim fiz. – Você quer que eu a acompanhe até seu destino?

- Obrigada, o senhor me ajudou muito e como é seu nome?

- Santo e o seu?

- Clara. O senhor foi um anjo para mim hoje, mais que um anjo, mais uma vez obrigada! Que bom!!! Eu conheci uma pessoa chamada Santo. Maravilhoso!!!

Suas palavras me deixaram emocionado e vi como o destino é irônico. Ela se chama Clara e vive nas trevas. Eu me chamo Santo, não sou santo, sou apenas um simples mortal.

Leitores do RL, essa travessia foi da Rua Santa Cruz, em seu início na Rua Domingos de Morais. O hidrante, o orelhão e o poste ficavam bem próximos do portão do posto de Bombeiros da Vila Mariana. Pode? Não é outra ironia?

Para publicar esta crônica, passei lá sábado, dia 22/9, e todas as tranqueiras já não estavam mais, apenas o poste.

Há um ano li uma crônica do nosso colega do RL Antonio Fernando Ribeiro sobre o mesmo tema. Não quis plagiá-lo, mas atualizar um tema que as autoridades estão demorando em entender. O trânsito em São Paulo está ficando cada vez mais caótico, a quantidade de veículos nos últimos dez anos cresceu 60%, o desrespeito aos transeuntes vem aumentando, com raras exceções vemos gentilezas. É maior o número de imprudentes que o de pessoas gentis e o problema com os deficientes visuais completamente ignorados. Avante, leitores, vamos desfraldar a bandeira do título.

SANTO BRONZATO em 25/9/2013.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 25/09/2013
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