ECOLOGIA INTERIOR (crônica)

Sou uma ecologista. Mas hoje escreverei sobre outro tipo de ecologia: acho que merecemos, cada um de nós, fazer nossa ecologia interior. Todos os dias buscar nosso habitat natural, e para isso temos que providenciar uma limpeza abissal, até o mais fundo que alcancemos de nós mesmos. Começar retirando os agrotóxicos sempre que possível do corpo, e indo além do possível, na alma.

Ouço meu ser dizendo, uma voz pequenina, mas que ainda soa: inicie com os tóxicos elementos de mágoa amontoados pelo tempo em regiões internas e até externas. Sim, mágoas e ressentimentos podem provocar nódulos, miomas, e os tais miasmas espirituais. São um tipo de aluvião, aquelas terras carregadas pelos rios, correntezas, que vão se depositando nas margens. Não, são bem piores. E no contexto da mente coletiva pode nos trazer Tsunamis terríveis.

Claro que vida é sinônimo de mudança, mas há que se esforçar para que as mudanças sejam benéficas. Há que se adaptar, como bom membro da espécie, e sobreviver. Mas que sobrevivência aqui não se confunda com acomodação e medos exagerados.

Minha ecologia interna também responde pelo ser aeróbico que sou. Preciso de ar, de oxigênio, devo destrancar janelas e portas que tenho, arejar meu habitat, com o melhor oxigênio que os bons ventos/pensamentos me trarão.

Claro, devo conhecer cada vez mais minha anatomia interna e externa. Tocar e amar meu corpo, aceitar minhas emoções, conhecer minhas motivações. Aí sim poderei planejar e fazer um aterro para construir meus sonhos, e uma barragem biocida contra a negatividade e a inveja que gostam de fazer plantão em todo vôo que vai longe.

Toda minha biosfera integrada,e minha camada de ozônio recuperada contra os raios “ultra-baioneta” que por ventura me apontem, vindo de falsas estrelas. Meu clima será recuperado de acordo com este meu novo ânimo/anima. E a chuva ácida de tristezas inúteis jamais corroerão minha terra da face, pois a chuva que vier será singela emoção de vida e amor!

Diante deste meu conservacionismo preservativo de condições favoráveis de existência, estarei repleta de combustível natural para exercer plenamente meu direito de Ser. E meu ecossistema recuperado da decomposição suicida a que nos acostumamos nos últimos decênios de stress, competição, correria descabida, erosão humana e social, estará mais fortalecido contra os impactos ambientais. Serei multiflora, e se preciso for, tirarei do lixão que fiz o adubo, pois que há também o reciclável na existência de cada um. Contudo, nada mais de maré vermelha, pois navegam em meu oceano muitos seres amigos e diversos entre si, que não os perderei por negligência interna.

By Tânia Barros - RJ - 15/02/2005