LOUCO POR NATUREZA

Este meu mundo que não é nada imponentoso, é, ao mesmo tempo, bruto e peçonhento; por isso, vivo por aí, por aqui e agora, vespando, entre estas tantas árvores secas e tortas do cerrado.

Este tronco torto, esta árvore seca, sou eu.

Louco por natureza.

Este cerrado sou eu, que nem me conheço, nem de longe.

Retorcido, repito, este cerrado torto sou eu, eu sei.

Este mundo trágico e mágico vive dentro de mim, como estes milhões de minimosquitinhos borrachudos trazidos pelo vento e que acampam no meu corpo branquelo e nas praias do Araguaia e afluentes.

E o cerrado, verde, queimado, queimando, arde, entre secas e estiagens e árvores tortas. E mentes tortas e secas.

E os espaços entre os rios, as veredas, desaparecendo, as árvores secas e tortas do cerrado.

Este mundo seco e torto corrói e corrompe o meio, o ambiente, o início e o fim.

florencio mendonça
Enviado por florencio mendonça em 24/09/2013
Reeditado em 19/12/2023
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