FÉRIAS E CARTÃO: UMA RECEITA QUE DÁ DESPESA
O ano de 2007 já começou. Certo? Errado. O ano só começa, efetivamente, depois do carnaval. Claro! Até lá nós ainda estaremos de férias do final de ano, restabelecendo-nos dos exageros cometidos em comidas, bebidas, viagens e compras. E restabelecendo-nos, principalmente, do cartão de crédito, o principal facilitador e vilão desses exageros.
Pensando bem, final de ano e férias são dois componentes perigosíssimos para o bolso e, conseqüentemente, para o orçamento doméstico. A velha ilusão de que teremos um salário a mais nos empurra de encontro ao paraíso dos gastos, onde tudo pode ser adquirido em suaves prestações mensais, sem juros. Ledo engano! Primeiro, compramos em suaves prestações, é claro, mas temos de pagar; os juros já vêm embutidos nas prestações e nós não percebemos, porque deixamos nos enganar com a elasticidade dos prazos e o valor das parcelas.
O que não entendemos é que tudo dobra ou triplica nas férias. O item alimentação pesa na proporção igual ao volume protuberante das barrigas, que vão, aos poucos, surgindo por entre as bem alimentadas bocas: já imaginou passar 30 dias de pernas para o ar, na praia, comendo e bebendo tudo que passa pela frente? No mínimo, um boi, um carneiro, um porco, 50 frangos e um mero (peixe teleósteo, perciforme, serranídeo – Promicropus itaiara – dos grandes, e tudo isso vai para as estatísticas anuais de como o brasileiro está comendo bem.
As compras nas lojas de roupas e sapatos são itens preponderantes: a família inteira se renova! É roupa cor de ouro ou celeste para o Natal; é roupa branca para a entrada de ano-novo; são sapatos, tênis, sandálias tudo combinando com roupas e acessórios.
E tem os presentes. Esses têm um peso especial no final do ano e início das férias: além de saírem caros (porque você se vê na obrigação de dar um presente de valor bem maior que o merecimento de quem está recebendo), eles são muitos. No mínimo uns dez. Isso quando você usa a estratégia de dar o presente por família e não por pessoa da família, pois se assim o fizer pode se aprontar para pagar, também, por excesso de limite no bendito santo salvador chamado cartão de crédito.
E ainda falta o item viagem: é uma maravilha!
Os planos são muitos, o dinheiro é que é curto, mas mesmo assim, na ilusão do final de ano e férias, viagem é sagrada: arruma as malas (com os modelitos novos para mostrar nas casas de parentes por onde vão passar), abastece o carro (só aí vai embora 1/3 do 13º salário, mas você não percebe, pois está pagando com o cartão com prazo de pagamento para 30 dias), reserva uns trocados no bolso e pé na estrada! Fabuloso! Onde tem restaurante chique, pára! E depois das refeições ou lanches, o local visitado é a lojinha de souvenir do estabelecimento. E haja compras! É a garrafa de cachaça enfeitada com tranças de folhas de coqueiro e depositada em um barquinho talhado em madeira para dar ao cunhado pinguço; é o bibelô de cerâmica, pintada em cores berrantes pelos "nativos", para a querida cunhada pôr na sala de "visitas"; são os carrinhos de madeiras imitando os caminhões para os filhos deles; enfim, é um torra-torra de dinheiro que nem presta, mas você nem sente: está pagando tudo com o cartão (percebeu que por onde você anda tem uma maquininha de cartão ao seu dispor? E que a garçonete muito solicita já vai facilitando sua vida lhe dizendo justamente sobre isso? É o paraíso tropical!).
E quando chega ao destino de ida, vem o mais pesado: sair para ir à praia, passear na casa de parentes, almoçarem fora praticamente todos os dias (isso mesmo. Mesmo sendo uma visita a um parente, quando chega à hora do almoço ou janta, não sei por que, é necessário saírem todos para irem comer fora). Isso aumenta o seu débito junto ao cartão, já que para “aparecer” você se dispõe a pagar a maior parte da conta trazida pelo garçom no final do estrago. Isso mesmo. Almoçar com família que você está visitando nem sempre é um bom negócio. Você até que "manera" no item cardápio e no item bebidas, mas o danado do parente se aproveita! Para beber é uísque 12 anos (em casa só toma cachaça de alambique); para comer são frutos do mar (e olha que está acostumado a comer rabada e mão-de-vaca), acompanhado de um vinho chatô du valié e na sobremesa pede sempre manjar. É dose!
Mas, afinal de contas, são férias! É hora de você desopilar, sair do stress causado pelos meses de trabalho e usufruir um pouco, também, daquilo que você ver os outros fazendo (principalmente em filmes e novelas) e não pode no momento. Até aí você não está se lembrando da matrícula do filhão e seu livros, todos contextualizados e, principalmente, reformulados (o que significa que você não poderá comprar nos sebos da cidade o mesmo livro de edições anteriores); dos impostos cobrados no início do ano; do seguro e emplacamento do veículo. Ufa! Dessa forma não tem cristão que agüente, por isso, para aliviar a tensão, dar um novo ânimo no ano que se inicia, carnaval com gosto de gás! E as contas acumuladas no cartão?
Ah, essas?
Assim como as compras feitas nas lojas, restaurantes, hotéis, que são divididas em parcelas pelo bendito cartão, também a conta do cartão será parcelada, em comum acordo com a operadora, em suaves prestações mensais, que não poderá ultrapassar 12 meses. Afinal de contas, o ano seguinte é de férias, novamente.
O ano de 2007 já começou. Certo? Errado. O ano só começa, efetivamente, depois do carnaval. Claro! Até lá nós ainda estaremos de férias do final de ano, restabelecendo-nos dos exageros cometidos em comidas, bebidas, viagens e compras. E restabelecendo-nos, principalmente, do cartão de crédito, o principal facilitador e vilão desses exageros.
Pensando bem, final de ano e férias são dois componentes perigosíssimos para o bolso e, conseqüentemente, para o orçamento doméstico. A velha ilusão de que teremos um salário a mais nos empurra de encontro ao paraíso dos gastos, onde tudo pode ser adquirido em suaves prestações mensais, sem juros. Ledo engano! Primeiro, compramos em suaves prestações, é claro, mas temos de pagar; os juros já vêm embutidos nas prestações e nós não percebemos, porque deixamos nos enganar com a elasticidade dos prazos e o valor das parcelas.
O que não entendemos é que tudo dobra ou triplica nas férias. O item alimentação pesa na proporção igual ao volume protuberante das barrigas, que vão, aos poucos, surgindo por entre as bem alimentadas bocas: já imaginou passar 30 dias de pernas para o ar, na praia, comendo e bebendo tudo que passa pela frente? No mínimo, um boi, um carneiro, um porco, 50 frangos e um mero (peixe teleósteo, perciforme, serranídeo – Promicropus itaiara – dos grandes, e tudo isso vai para as estatísticas anuais de como o brasileiro está comendo bem.
As compras nas lojas de roupas e sapatos são itens preponderantes: a família inteira se renova! É roupa cor de ouro ou celeste para o Natal; é roupa branca para a entrada de ano-novo; são sapatos, tênis, sandálias tudo combinando com roupas e acessórios.
E tem os presentes. Esses têm um peso especial no final do ano e início das férias: além de saírem caros (porque você se vê na obrigação de dar um presente de valor bem maior que o merecimento de quem está recebendo), eles são muitos. No mínimo uns dez. Isso quando você usa a estratégia de dar o presente por família e não por pessoa da família, pois se assim o fizer pode se aprontar para pagar, também, por excesso de limite no bendito santo salvador chamado cartão de crédito.
E ainda falta o item viagem: é uma maravilha!
Os planos são muitos, o dinheiro é que é curto, mas mesmo assim, na ilusão do final de ano e férias, viagem é sagrada: arruma as malas (com os modelitos novos para mostrar nas casas de parentes por onde vão passar), abastece o carro (só aí vai embora 1/3 do 13º salário, mas você não percebe, pois está pagando com o cartão com prazo de pagamento para 30 dias), reserva uns trocados no bolso e pé na estrada! Fabuloso! Onde tem restaurante chique, pára! E depois das refeições ou lanches, o local visitado é a lojinha de souvenir do estabelecimento. E haja compras! É a garrafa de cachaça enfeitada com tranças de folhas de coqueiro e depositada em um barquinho talhado em madeira para dar ao cunhado pinguço; é o bibelô de cerâmica, pintada em cores berrantes pelos "nativos", para a querida cunhada pôr na sala de "visitas"; são os carrinhos de madeiras imitando os caminhões para os filhos deles; enfim, é um torra-torra de dinheiro que nem presta, mas você nem sente: está pagando tudo com o cartão (percebeu que por onde você anda tem uma maquininha de cartão ao seu dispor? E que a garçonete muito solicita já vai facilitando sua vida lhe dizendo justamente sobre isso? É o paraíso tropical!).
E quando chega ao destino de ida, vem o mais pesado: sair para ir à praia, passear na casa de parentes, almoçarem fora praticamente todos os dias (isso mesmo. Mesmo sendo uma visita a um parente, quando chega à hora do almoço ou janta, não sei por que, é necessário saírem todos para irem comer fora). Isso aumenta o seu débito junto ao cartão, já que para “aparecer” você se dispõe a pagar a maior parte da conta trazida pelo garçom no final do estrago. Isso mesmo. Almoçar com família que você está visitando nem sempre é um bom negócio. Você até que "manera" no item cardápio e no item bebidas, mas o danado do parente se aproveita! Para beber é uísque 12 anos (em casa só toma cachaça de alambique); para comer são frutos do mar (e olha que está acostumado a comer rabada e mão-de-vaca), acompanhado de um vinho chatô du valié e na sobremesa pede sempre manjar. É dose!
Mas, afinal de contas, são férias! É hora de você desopilar, sair do stress causado pelos meses de trabalho e usufruir um pouco, também, daquilo que você ver os outros fazendo (principalmente em filmes e novelas) e não pode no momento. Até aí você não está se lembrando da matrícula do filhão e seu livros, todos contextualizados e, principalmente, reformulados (o que significa que você não poderá comprar nos sebos da cidade o mesmo livro de edições anteriores); dos impostos cobrados no início do ano; do seguro e emplacamento do veículo. Ufa! Dessa forma não tem cristão que agüente, por isso, para aliviar a tensão, dar um novo ânimo no ano que se inicia, carnaval com gosto de gás! E as contas acumuladas no cartão?
Ah, essas?
Assim como as compras feitas nas lojas, restaurantes, hotéis, que são divididas em parcelas pelo bendito cartão, também a conta do cartão será parcelada, em comum acordo com a operadora, em suaves prestações mensais, que não poderá ultrapassar 12 meses. Afinal de contas, o ano seguinte é de férias, novamente.
Obs. Imagem da internet