LINHAS DO MEU TEAR - II
Num puxadinho da minha casa, vivia uma das minhas irmãs, com o marido e filhos.
Meu pai vivia reclamando (sem a minha irmã ouvir) que entre outras coisas, gastavam energia elétrica e não o ajudavam a pagá-la. E eu pensei comigo: eu vou resolver essa situação, já que ele não tem coragem.
Desliguei o relógio e cortei o fio que levava energia para a casinha dela.
Quando ela percebeu que na minha casa havia eletricidade e na dela não, veio saber porque. Meus pais se entreolharam, sem saber do que ela falava. Uma breve investigação constatou a responsável... resultado: aprendi naquele dia todo o repertório de palavrões (dela) que não havia nos dicionários, e levei a maior bronca da minha vida (do meu pai).
Saí para a rua, com gana de quebrar tudo o que visse pela frente. Não entendia porque se rebelaram contra mim, só porque eu tinha tentado resolver o problema. Eu não conseguia mensurar o que a miséria é capaz de fazer, e nem entendia porque o meu pai reclamava, sem que ela soubesse.
Souberam, enfim: ela, da insatisfação dele. Ele, do exemplo que a falta de transparência e diálogo pode trazer às crianças de 14 anos de idade.
As relações entre eles se agravaram, cunhado entrou no meio, mãe chorou...
Não foi por isso, hoje eu sei, mas meses depois meu pai infartou e acabou-se a história.
Por que estou contando isso? não sei. Lembrei.