BOAS ESCOLAS, MAS COM EDUCAÇÃO COMPROMETIDA!
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Eduardo Galeano garantiu que para “se mudar uma realidade, é preciso conhecê-la” e, para transformar a realidade no Brasil e no mundo só com boas escolas, mais educação, civismo, cidadania, habitação, saneamento, enfim, os princípios sociais que Constituição brasileira de 1988 forneceu à sociedade, mas que ainda precisam ser colocados em prática.
Quanto mais escolas de boa qualidade forem construídas no mundo, voltadas à educação libertadora, igualitária, inclusiva, verdadeira e concreta, como já pregava Paulo Freire, menos pessoas se envolverão com as drogas, violência e crimes e menos se construirá prisões. Uma educação abrangente, de qualidade, associando-a aos componentes de teatro, música, esporte dentro do espaço da transversalidade, será o único meio possível de livrar o que ainda resta dos nossos jovens das drogas, prostituição, tráfico e mortes anunciadas. Ou seja, dos principais problemas sociais do Brasil e do mundo!
Escola de qualidade, contudo, não será feita só com a construção de prédio e pagamento de bons salários aos mestres. Os professores deverão ser comprometidos com uma visão educacional ampla, uma escola atrativa aos jovens. Será necessário compromissar os que eram chamados de mestres no passado e serviam como exemplos de vida em sociedade, com as novas demandas sociais como gravidez na adolescência, álcool, droga, tráfico, prostituição infantil e infanto-juvenil, enfim, como fazia com os alunos quando ministrava aula de português e literatura amazonense em uma Escola Pública em Manaus.
Os alunos escolhiam livremente um tema, me passavam com antecedência, pesquisava o assunto e debatia-o em auditório, unindo a matéria que lecionava com temas de filosofia, sociologia, antropologia e história, tornando o assunto leve, tranqüilo e fácil de entendimento.
Quando debatia com os alunos sobre palavras “obscenas”, (fora de sena, palavras não ditas em público ou palavrões) unindo o tema a origem da língua portuguesa, ao teatro Grego, as invasões bárbaras etc., fui acusado de estar ensinando palavrões em sala de aula e pedi demissão. A denúncia que me fez pedir demissão, fora feita por aluna que mais dizia palavrões pelos corredores da Escola Pública na periferia de Manaus, considerado um dos bairros mais violentos da cidade, naquele ano de 1993!
Na Escola, deixei uma biblioteca montada com livros de escritores do Amazonas, porque indicava trabalhos e a comprovação tinha que ser feita com a entrevista e mais exemplares de livros para a biblioteca e, se fosse possível, a presença do escritor para uma palestra aos alunos. Não sei se ainda funciona a Biblioteca e se os livros doados pelos escritores ainda existem na Escola ou estão úteis para alguma coisa. Levava os escritores nas salas de aulas, os apresentava em todas as minhas turmas. Eles davam rápidas palavras sobre o gênero que escreviam e respondiam às perguntas dos alunos!
Pela experiência que vivi e passei, posso garantir que sem uma educação comprometida com a realidade, poderemos perder toda uma geração de jovens, hoje envolvida com as drogas lícitas ou ilícitas, tráfico, violência, brigas. Pequenos gestos, atitudes e posturas didáticas podem fazer muita diferença em sala de aula. Mas já estou aposentado!