NÃO ERRAR É DESUMANO!

Não errar é desumano! A primeira impressão é de que eu escrevi o ditado popular incorretamente, no entanto eu apenas o escrevi de uma maneira diferente, aliás, não haveria problema algum se tivesse escrito o provérbio de maneira errada, afinal de contas errar é humano, isto é, errar é da natureza do homem, e isso nós precisamos compreender.

O homem irá se estafar menos e viverá mais feliz consigo mesmo e com os outros quando aceitar em definitivo que cometer erros é normal! Geralmente queremos que os outros estejam sempre à disposição para nos desculpar, mas quando são os outros que cometem algum engano contra nós, nos colocamos na posição de juízes implacáveis e com isso muito sofremos e muito fazemos sofrer.

Pense que o erro pode ser fruto de imperícia, falta de prática, falta de conhecimento, ignorância, por isso não recrimine, evite se chatear, poupe sua cabeça dos cabelos brancos e mostre a aquele que errou os fatos como eles realmente são, contribua para a formação de uma sociedade mais solidária, empreendedora e feliz.

Uma frase do grande filósofo alemão Emanuel Kant, frase mais conhecida como imperativo categórico, pode ser usada também para definir como devemos agir perante o erro alheio, para Kant, devemos agir sempre baseado em princípios que desejamos ver aplicados universalmente, isto é, se eu desejo que os outros perdoem meus erros eu devo admitir que eu também devo perdoar os erros dos outros, como se seguisse uma lei universal, boa e justa para todos.

Ou seja, é preciso haver coerência nas nossas ações, é preciso haver coerência entre o que pensamos e como agimos. Quem de nós jamais cometeu um erro mesmo que sem querer? Honestamente, acredito que somente o mais orgulhoso dos homens teria a audácia de responder que nunca cometera um erro, e se assim o fizesse estaria se enganando, estaria mentindo, e mentir não é lá uma forma de errar?

Temos que entender que o mais importante não é o erro, a parte mais difícil de toda história não está em errar ou em apontar à falha do outro, crucificá-lo, pois essas ações, como bem sabemos, todos são capazes de realizar, sem esforço ou treinamento algum. Afirmo com toda certeza que a grande nobreza, digna de pessoas autoconfiantes e de caráter, está em saber compreender o erro do outro e saber como agir que não por meio de repreensão, e mais, está em assumir as próprias falhas.

Atualmente, com a globalização da economia, onde a alta competitividade é evidente, aceitamos a máxima de que não podemos errar, como se aceitássemos uma lei, só que essa lei é contra nós mesmos. Embutimos na nossa mente que devemos ser perfeitos em tudo o que fazemos, ou que devemos passar a imagem de perfeição em todos os nossos atos, pois atualmente a concorrência é enorme até para entrar em fila de banco.

É nesse momento que digo que só assumirá sua culpa aquele que tiver muita confiança em si mesmo, e acima de tudo, aquele que deseja fazer a coisa certa, que quer agir sempre com honestidade. Veja esses exemplos fictícios: Marta teme errar no seu trabalho com medo da demissão, Cleber não quer admitir que esquecera a data do aniversário da sua esposa com receio de decepcionar seu par, Paulo teme cometer qualquer erro no clube por não querer ser discriminado pelo seu nicho social, enfim, todos nós erramos e por vezes não assumimos por medo de repreensão, separação, exclusão, por medo de sermos considerados menos do que os outros.

Mas pense, o chefe de Marta, através da ficha ponto, sabe que ela chegou atrasada, a esposa de Cleber sabe que ele esqueceu a sua data de aniversário, os vizinhos de Paulo sabem que foi ele quem furtou a bola de futebol do clube, então, a partir dessa ciência pública, assumir um erro também passa a ser questão de honra, dignidade e honestidade.

Quem não assume um erro apenas cria uma falsa ilusão, somente para si, de que tudo está certo, ao passo de que os outros sabem que não é bem assim, veja o exemplo da esposa de Cleber que recebeu uma desculpa esfarrapada de seu esposo que queria encobrir seu esquecimento, do chefe enganado e dos vizinhos furtados. Dia a dia encontramos inúmeros casos semelhantes a esses.

Errar e não assumir é ser desonesto consigo mesmo, é fazer papel de tolo e querer torna-se indigno de confiança perante a sociedade com qual convive, e a visão que você irá transmitir é a de que você não é um bom marido, não é um funcionário digno de confiança, não é um vizinho confiável. Atualmente, assumir um erro é um grande diferencial, é o primeiro grande passo para se atingir a excelência em tudo o que se faz, pois quando eu visualizo o problema eu começo a criar alternativas para resolvê-lo, e se o problema está em mim e eu percebo isso, dou o primeiro passo para que eu possa melhorar como ser humano, como profissional, como pai, mãe, enfim, como cidadão.

Mas lembre, para tudo na vida é preciso de prática. Comece à praticar dia após dia o ato de ver os erros dos outros com olhos da compreensão, visualise e compreenda os seus próprios erros, essa que é a maior fonte de autoconhecimento e crescimento pessoal. Você perceberá que a vida não é tão complicada, e que muitas vezes somos nós, e a maneira como reagimos às intempéries da vida, as raízes de todos os nossos problemas.