OS RATOS SÃO DOS NOSSOS

Vejo as postagens no Facebook sobre um ratinho que foi encontrado dentro de uma garrafa de Coca-Cola. O assunto é um viral repleto de imagens irônicas acompanhadas da legenda: “vou parar de tomar Coca-Cola”. Será mesmo? Essas pessoas vão abandonar o refrigerante por causa do roedor? Acredito que não, pois estamos muito acostumados a conviver com ratos em tudo que é canto. Essa convivência amistosa seria culpa dos desenhos do Mickey ou do Tom e Jerry que formaram mais de uma geração de pessoas que gostavam e torciam sempre para o rato?

O que sei é que eles estão na nossa música. “Bichos Escrotos” do Titãs e “O Tempo Não Para” de Cazuza citam essas pragas que infestam sapatos e piscinas. Temos até uma banda punk chamada Ratos de Porão, onde o vocalista, apesar do estereótipo “malvadão” e o vocabulário desbocado, é mais um fofinho que se tornou apresentador de televisão e até já deu as caras na TV do Bispo.

Na informática, o termo é “americanalhado”: Mouse. Ele está lá, sendo acariciado por dedinhos que acessam pornografia, jogam GTA, postam fotos nas redes sociais, fazem merchan da TelexFree e uns que até trabalham. É meu amigo, nós adoramos os bichinhos. Fazem parte da nossa vida. São “de casa”. Isso explica muita coisa...

Explica a nossa passividade e conivência política. Os piores ratos estão no poder e somos nós que fornecemos o queijo para que eles fiquem mais gordos e mais numerosos. Por isso que o cheiro de esgoto não nos incomoda. Vemos dejetos correndo a céu aberto nas ruas e continuamos deixando os ratos lá. Intocáveis. Por isso que boa parte dos cidadãos mora em casas sem saneamento básico e não dão a mínima pra isso. Ratos políticos, mensaleiros, juristas, ministros. Todos sem escrúpulos, mas todos tratados com lisonja e merecedores dos mais belos adjetivos. São ratos doutores. São as “Vossas Excelências”.

De quem é a culpa de nossa inércia? Porque não exterminamos a praga de ratazanas que está em Brasília? Ora, não é culpa do Walt Disney e nem da Hanna-Barbera. A responsabilidade é inteiramente nossa. Se somos incapazes de reciclar o Congresso, reformar nossa política e destituir os magnatas que nos exploram, não me venham dizer que iremos parar de tomar Coca-Cola. Pois, com o perdão do trocadilho, essa história não vai colar.

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T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 21/09/2013
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