SOB A LUTA PELO SOL DOURADO

Naquela manhã ensolarada eu, como de praxe, exercitava meu esqueleto pela calçada quando uma cena algo comum, bem costumeira por ali, todavia me chamou a atenção de modo tão figurativo que me delineou a presente crônica: ali na subida da rua, algumas auxiliares domésticas se encontravam para o bate papo do dia, enquanto aguardavam os cachorrinhos das suas chamadas " patroas" a tomarem o pontual banho de sol das manhãs.

Eram cinco moças e sete cachorrinhos, todos bem pequenos mesmo, até pareciam bebes.

De repente, deles ouvi uns latidos em coro ensurdecedor,qual um grito de guerra estridente que partia das laringes dos cãezinhos enfileirados em trincheira, capaz de acordar a rua inteira, como se fossem lutadores dum exercito das nobres e urgentes causas..

O fato do desagrado comunitário dos pequeninos cães era que um pobre e pacato "Golden", acabava de sair do banho do pet shop, e trazido pelo cuidador subida acima, desfilava calmamente seu altivo porte, sua focinheira e seu nítido desconhecimento dos descontentamentos ocultos.

O pobre do Golden passou pelo grito de guerra dos seus semelhantes sem sequer olhar para os lados a me fazer desconfiar ser ele vítima duma possível surdez advinda do seu tempo.

Subia a rua bem ofegante...

Mas o exército de cãezinhos não lhe deu trégua: latiu bravamente até que o Golden dobrasse a esquina e desaparecesse do alcance dos seus olhos imotivadamente raivosos.

Aquela cena me incomodou.

De fato, a luta sob e pelo "SOL GOLDEN" hoje parece não poupar a nenhum dos seus iguais, e as causas nem sempre são inteligíveis aos cansados olhos dos nossos corações mais ingênuos.

Continuei minha caminhada deduzindo que talvez a nossa desumana Humanidade já tenha contaminado e deteriorado os demais reinos animais.

A tão prevalente e árdua luta pelos raios de sol que tão gratuita e igualmente brilham para todos os reinos de tantos reinados.