ESTRADA DE FERRO

ESTRADA DE FERRO

Certas coisas sempre nos enchem de saudade. Uma delas é a estrada de ferro que passa pela nossa cidade. E, com certeza, pelas demais. Já disse, em outras crônicas, que acordava, em meus tempos de infância, com o barulho do trem.
Outras recordações que me envolvem, são minhas idas para Torrinha, no interior de São Paulo, onde passei algumas férias na fazenda dos Tombolato, a Paraíso. A convivência com os costumes dos que lá habitavam, ver os animais pouco vistos, o tirar o leite, o café com leite e polenta, e a comida de fogão a lenha. Saudades do Bire e da Terezinha, primas dos Tombolato, que moravam na cidade. Acreditem. Terezinha não era seu verdadeiro nome. Seu pai, não sabendo como chamá-la perante o tabelião, denominou-a de Notenome. E a felicidade de viajar de trem, passando pelas estações interioranas, com os ambulantes vendendo guloseimas típicas. Jundiaí, Campinas, Rio Claro, uma sequência de belas cidades.
Noutra ocasião, quando tinha por volta de 10 anos, em minha viagem para Lambari, estação de águas mineira, na região de Caxambu, Cambuquira e São Lourenço, juntamente com meus padrinhos, o Tio Carlos e a Tia Eliza, irmã de meu pai. De lá, trouxemos a Julinha e sua irmã, órfãs, sendo que, aquela, viveu até a morte com meus tios.
Mas, o que mais mexe com meus sentimentos, são as recordações da nossa antiga SPR, a São Paulo Railway, que os ingleses trouxeram para o Brasil, fincando seus trilhos passando por Santo André em direção ao litoral, e fundando um povoado típico da Inglaterra, ao qual se denominou Paranapiacaba, do tupi, que quer dizer “de onde se vislumbra o mar”. Hoje, esse local é o principal ponto turístico de Santo André, tendo como grande evento anual, o Festival de Inverno. Tem outros, como a Festa do Cambuci. Ressalte-se a pontualidade britânica: acertava-se o relógio pela passagem do trem.
Depois, a estrada passou a ser administrada por brasileiros, com o nome de Estrada de Ferro Santos a Jundiaí – EFSJ. Lembro-me das idas a Santos, numa viagem maravilhosa pela Serra do Mar. Como também, aí já na mocidade, pela madrugada, na primeira viagem de volta de São Paulo para Santo André, após noitadas na capital. Às cinco “de la matina”. Quantas peraltices eram realizadas pelo Marcelo Cardoso Franco, pelo Paulo Roberto Oliva e pelo Pinheirinho, inclusive, numa ocasião, o primeiro veio na cabine do maquinista, que não pode evitar sua presença. Parávamos no Bar Faísca, do saudoso amigo Carlito Lunardi, defronte a estação, onde nos esperava o delicioso sanduíche de pernil, acompanhado da “saideira” cerveja, estupidamente gelada.
“Piuiiiiiii...vamos andar de trem...”!
Aristeu Fatal
Enviado por Aristeu Fatal em 20/09/2013
Reeditado em 14/11/2013
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