A Busca (Obsessão)

A minha busca aqui é por um lugar

Um lugar que eu não sei, não conheço, mas anseio e desejo

Um lugar onde eu possa me encontrar e me reencontrar

Pois sei que me perdi nestes medos, nessas dores, neste desespero

E não me reconheço mais, não mesmo...

A minha busca é por um lugar melhor

Longe disso tudo que me dói e me faz esmorecer

Longe disso tudo que me faz cair com os meus pés cansados de tanto andar e sofrer

Meus pés cansados de percorrer este caminho que só eu posso percorrer

E minha lucidez por vezes tão cansada, me abandona e me deixa adoecer.

A minha busca é por mim mesmo

Este que eu acho que conheço, mas que ainda é um desconhecido para todos

Mas é aquele que me faz lutar mesmo em tortura, mesmo em trevas absurdas,

Mesmo sem lucidez alguma.

A minha busca tem que ser vigiada por demasiada vezes

Se não cuidada, assistida, analisada por minha consciência viva

Eu me vejo morto por estes pensamentos obsessivos que carrego e pesam dentro do meu fraco e cansado espírito

E então desumanamente eu cedo

Eu sou ferido bem cá dentro do peito

Então perco minhas forças

Eu desisto da realidade

E sou levado pelas minhas sombras

E só volto depois de ser castigado pelas dores de meus sonhos.

A minha busca, insaciável e incessante por vezes me desloca

Deste lugar em que estou no Universo, na qual eu ainda estou preso

E sem luz alguma, me perco dentro de mim mesmo

Nessa morte súbita que vem ao meu encontro para levar-me de volta à escuridão

Me levar de volta ao começo de tudo

Onde eu me encontro caído, cego por lágrimas vermelhas

Mudo por todos os meus medos

Surdo por todos os gritos ouvidos

Paralisado por tudo que eu vi, senti, ouvi e ainda sinto.

Eu ainda estou preso a estas lembranças

Eu ainda sofro e morro por dentro.

A minha busca por um mundo melhor dentro de mim

Que nada mais é que a cura de si mesmo

Numa esperança angustiada e sofrida

Tentando a toda dor e a todo custo

Se manter vivo diante de tanto sofrimento.

E nessa ansiedade obscura

Ouvindo sons assustadores e melancólicos através dos trovões das chuvas

Eu sou arrancado de mim mesmo

E caio diante de minha própria morte

Um castigo por insistir num mundo perfeito.

Então eu acabo por me perder novamente,

Volto ao início do meu destino e recomeço

Todas as dores me voltam, me assustam

Mas eu já as reconheço

E eu piso o chão mais seguro, menos assustado e arriscando a minha lucidez por inteiro.

Eu volto para mim mesmo, mais vivo, mas morto em minha memória

Eu estou vivo, mas se fecho os olhos, eu me escureço

E morro de volta.

(Crises de pânico).