DOR!

Por que? O meu coração se pergunta em lágrimas, enlaçado pela força titânica da melancolia. Por que? Não encontra resposta, não acha nenhuma motivo, razão alguma para toda essa extensa amargura que sobre ele se abateu. O próprio céu caiu sobre mim trazendo consigo estrelas e luares, o sol e todo o Cosmos para me abater. Vendo-o desabar sobre mim com o ímpeto de sua inesperada fúria, não encontrei forças para defender minha alma da angústia que me agarrou, não logrei suportar o peso dessa tempestade tão repentina quanto estranha. Mas por que? Que fiz eu de tamanha envergadura maligna para merecer o impacto desse poder sobre meus ombros frágeis? Nalgum lugar de meu coração não existirá um pontinho, por mínimo que seja, de brancura, de doçura, de beleza, de esplendor que minimize todo mal quiçá causado involuntariamente por mim? Se é que algo fiz?

O que, no entanto? Por que, então? São indagações feitas em agonia por meu espírito acabrunhado. Perguntas que, infelizmente, ficam sem reposta. Contudo, malgrado meu, reflito e compreendo pois sei que eu mesmo responderia não a essas questões: a tristeza precisa de resposta ou de alguma razão para se manifestar e se materializar? O sorriso se apaga sozinho ou alguma coisa o leva a morrer em nossos rostos sem nenhuma explicação? A morte não se explica, ela simplesmente acontece. A chuva jorra em razão de fenômenos físicos e químicos capazes de provocá-la, os mananciais estão sob o solo porque se formaram pelo poder de si mesmos, por sua abundância subterrânea, as plantas brotam da terra em virtude de suas sementes morrerem e apodrecerem para dar lugar à vida, o sol desponta na alvorada por ser de sua substância inefável assim ocorrer. Nada disso necessita de por que.

Todavia a minha dor, essa que se agarra ao meu ânimo e o esmaece não é um fenômeno natural, senão um incidente ocasional, nem cotidiano, apenas - tenho esperança - fugaz. Daí a minha inquietação, a falta de compreensão de parte de minha alma para com esse furacão abatendo-se sobre ela. E também por ela se perguntar "por que?" É que a mágoa não vem sob encomenda, é evidente, ninguém em sã consciência pede para ser martirizado, castigado, punido, não é da razão humana essa atitude. Assim, o desabar do céu com suas constelações cósmicas sobre minhas emoções surpreendeu, deixou-me perplexo. Incompreensível seria se assim não fosse.As respostas, porém, não chegaram, continua a dúvida, permanece a dor, persiste a mágoa.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 19/09/2013
Código do texto: T4489348
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