UMA CARACTERÍSTICA MINHA
Uma característica muito minha. De uma simples ida ao mercado, ou a academia, ou mesmo um passeio ao pier, que fica em baixo do predio do nosso apartamento aqui em Nova Iorque, tudo pra mim se transforma em assunto, com detalhes, e estórias.
Meu filho costuma dizer: "de um nada, minha mãe acaba tirando um tudo".
E foi assim, com as belas hortas, que encontrei pelas estradas rurais de Ithaca.
Como não havia cercas, entre as plantações e as rodovias, parei para olhar de perto, e claro fotografar.
Bastou ver um canteiro de tomates, vermelhos e suculentos, e minha memória foi buscar as lembranças, do molho delicioso de tomates, feito por minha avó.
Minha família que me acompanhava no passeio, teve que me ouvir contar, sobre as apetitosas massas caseiras preparadas pela nonna italianíssima. E, seus molhos, cujos tomates, eram colhidos diretamente de nossa horta.
Ali, naquela estrada tão distante da reserva florestal, onde vivi minha infância, pude quase sentir, o aroma delicado, que o molho suculento da nonna Carmela, desprendia, fazendo salivar, toda vizinhança.
Eu adorava, presenciar cada etapa, que tinha início nas manhãs de domingo, quando minha vó, caminhava para sua horta, carregando uma bacia de alumínio nas mãos. Em poucos minutos, ela voltava, carregando-a repleta de tomates, e temperos, como manjericão, manjerona, salsa, cebolinha, alecrim, pimentão.
Sem dúvida vem dai, meu amor pelo cultivo da terra, e pela culinária.
Em seguida, era hora de preparar o molho. Encantada, via minha vó, com seu avental sempre alvo, sobre o vestido de domingo, começar sua famosa receita.
Quase sempre eu perguntava a mesma coisa, pois, adorava ouvir a estória.
- Vó, com quem a senhora aprendeu a fazer esse delicioso molho ?
E, ela, com uma paciência imensa, me contava.
A tataravó, Elizabetha, era a dona da alquimia preciosa.
Minha memória, acessou outro botão, e vi a figura curvada pelos anos (minha avó Carmela dizia, que sua avó, morreu com mais de 100 anos) sentada ao lado do fogão à lenha de nossa cozinha.
Nessa época eu devia de ter no máximo 6 ou 7 anos, e a tataravó Elizabetha, morou por uns tempos, na casa de meus avós. Me lembro que gostava de ficar perto dela.
Vê-la, pentear os longos cabelos branquinhos, e prendê-los em um coque atrás da cabeça. Seus vestidos tinham sempre botões na frente, e mesmo no verão, ela não abria mão de um xale de crochê, feito por ela mesma.
Foi com ela, que aprendi uma valiosa lição. Sempre que estava aborrecida com algo ou alguém, ela ia até o filtro de barro de nossa cozinha, enchia uma caneca de ágata branca com água, e bebia bem devagar, retendo por alguns segundos cada gole em sua boca.
Eu, curiosa, perguntava à ela: por quê, a senhora bebe a água tão devagar?
E ela, me respondia: "A água tem me ensinado o valor de silenciar, ao invés de revidar uma ofensa ou mágoa".
Bom, deu pra perceber que meu filho está certo em sua observação: "de um nada minha mãe acaba tirando um tudo". Deu pra sentir que de fato, é assim.
Minha intenção, era só escrever sobre a plantação de tomates, que vi, e me fez lembrar do delicioso molho de tomates de minha vó.
Porém, minhas lembranças trouxeram a figura querida da tataravó Elizabetha.
E se vocês, se cansaram com a leitura, sintam-se felizardos, e imaginem, os meus familiares, que me ouvem, no dia a dia.
(imagem: Lenapena - Fazenda na região rural de Ithaca)
Obrigado, Chinxola, pelo comentário.
Caracterizando conscientimente, mostra a visão/ Levando a mente essa história/
Narrada totalmente sem comparação/ Homenageando vó Carmela em memória.
Uma característica muito minha. De uma simples ida ao mercado, ou a academia, ou mesmo um passeio ao pier, que fica em baixo do predio do nosso apartamento aqui em Nova Iorque, tudo pra mim se transforma em assunto, com detalhes, e estórias.
Meu filho costuma dizer: "de um nada, minha mãe acaba tirando um tudo".
E foi assim, com as belas hortas, que encontrei pelas estradas rurais de Ithaca.
Como não havia cercas, entre as plantações e as rodovias, parei para olhar de perto, e claro fotografar.
Bastou ver um canteiro de tomates, vermelhos e suculentos, e minha memória foi buscar as lembranças, do molho delicioso de tomates, feito por minha avó.
Minha família que me acompanhava no passeio, teve que me ouvir contar, sobre as apetitosas massas caseiras preparadas pela nonna italianíssima. E, seus molhos, cujos tomates, eram colhidos diretamente de nossa horta.
Ali, naquela estrada tão distante da reserva florestal, onde vivi minha infância, pude quase sentir, o aroma delicado, que o molho suculento da nonna Carmela, desprendia, fazendo salivar, toda vizinhança.
Eu adorava, presenciar cada etapa, que tinha início nas manhãs de domingo, quando minha vó, caminhava para sua horta, carregando uma bacia de alumínio nas mãos. Em poucos minutos, ela voltava, carregando-a repleta de tomates, e temperos, como manjericão, manjerona, salsa, cebolinha, alecrim, pimentão.
Sem dúvida vem dai, meu amor pelo cultivo da terra, e pela culinária.
Em seguida, era hora de preparar o molho. Encantada, via minha vó, com seu avental sempre alvo, sobre o vestido de domingo, começar sua famosa receita.
Quase sempre eu perguntava a mesma coisa, pois, adorava ouvir a estória.
- Vó, com quem a senhora aprendeu a fazer esse delicioso molho ?
E, ela, com uma paciência imensa, me contava.
A tataravó, Elizabetha, era a dona da alquimia preciosa.
Minha memória, acessou outro botão, e vi a figura curvada pelos anos (minha avó Carmela dizia, que sua avó, morreu com mais de 100 anos) sentada ao lado do fogão à lenha de nossa cozinha.
Nessa época eu devia de ter no máximo 6 ou 7 anos, e a tataravó Elizabetha, morou por uns tempos, na casa de meus avós. Me lembro que gostava de ficar perto dela.
Vê-la, pentear os longos cabelos branquinhos, e prendê-los em um coque atrás da cabeça. Seus vestidos tinham sempre botões na frente, e mesmo no verão, ela não abria mão de um xale de crochê, feito por ela mesma.
Foi com ela, que aprendi uma valiosa lição. Sempre que estava aborrecida com algo ou alguém, ela ia até o filtro de barro de nossa cozinha, enchia uma caneca de ágata branca com água, e bebia bem devagar, retendo por alguns segundos cada gole em sua boca.
Eu, curiosa, perguntava à ela: por quê, a senhora bebe a água tão devagar?
E ela, me respondia: "A água tem me ensinado o valor de silenciar, ao invés de revidar uma ofensa ou mágoa".
Bom, deu pra perceber que meu filho está certo em sua observação: "de um nada minha mãe acaba tirando um tudo". Deu pra sentir que de fato, é assim.
Minha intenção, era só escrever sobre a plantação de tomates, que vi, e me fez lembrar do delicioso molho de tomates de minha vó.
Porém, minhas lembranças trouxeram a figura querida da tataravó Elizabetha.
E se vocês, se cansaram com a leitura, sintam-se felizardos, e imaginem, os meus familiares, que me ouvem, no dia a dia.
(imagem: Lenapena - Fazenda na região rural de Ithaca)
Obrigado, Chinxola, pelo comentário.
Caracterizando conscientimente, mostra a visão/ Levando a mente essa história/
Narrada totalmente sem comparação/ Homenageando vó Carmela em memória.