1 - METRALHA DE CUSPARADA
Rata, tata, rata, tata gritava o velho, quando entrou na estação do metrô, entretanto não trazia arma alguma nas mãos, nem tão pouco objetos, o único estrago causado eram pequenas gotículas de saliva que passavam despercebidas, mas alvejavam os mais próximos, assim ele foi atirando até sumir no meio da multidão.
As pessoas entreolhavam-se, um antigo freqüentador da estação apressou-se explicando que se tratava de um veterano de guerra, daqueles que participaram do desembarque da Normandia e fora sobrevivente.
Quis a sorte que ele fosse o um, o um que sobreviveria, enquanto outros dois morressem e seus corpos servissem de abrigo aos demais.
A previsão era esta, para cada três soldados, apenas um sobreviveria, os soldados não sabiam, mas os generais sim.
Imaginemos se eles soubessem que teriam somente 33% de chance de sobreviver?
A história esqueceu de escrever que muitos também morreram em vida e andam perambulando por ai atirando a esmo com suas metralhadoras de saliva.
As pessoas gostam de usar suas metralhadoras de saliva, quando sentem-se lesadas, ofendidas, maltratadas, ou até para humilhar e provocar seu oponente.
Lembro de um jogador importante do Internacional que deu uma pequena rajada no rosto do adversário num jogo contra o são Paulo, enfurecido o cusparado partiu à agressão física e foi expulso.
Também quero usar a minha metralhadora de cusparada e dar uma rajada nos dois lados do plenário: nos julgados e julgadores.
Do livro: A força de cada um 2013 - 2015