O costume de "ficar pensando"...

Desde que me percebo por gente tenho o costume de “ficar pensando”. Embora pareça estranho falar assim, é exatamente dessa forma que eu defino esse costume. Muitas vezes, no meio da agitação, eu me isolava e “ficava pensando”. Não sei se essa tarefa gastava energia, mas tempo gastava. Não sei também se me fazia chegar a alguma conclusão importante.

Na verdade, eu não perdi esse costume e hoje fiquei pensando uma coisa. Aliás, isso me vem à mente há muitos e muitos anos. Acredito que todas as pessoas, salvo raras exceções, devem se sentir tocadas com a situação de miséria em que vive uma parcela da população.

A sociedade de consumo incita a gastar o que não é necessário. Conforme disse um palestrante: “Precisa-se inventar a necessidade...” Criar a necessidade. Quantas coisas são incorporadas ao nosso dia a dia após ter sido criada a necessidade! E depois que ela começa a existir não temos como passar sem o determinado objeto porque ele acaba se tornando essencial, conforme afirma aquela moça sorridente ou aquele rapaz de músculos trabalhados.

Mas vamos direcionar a conversa para o lado a que quero chegar. Não adianta mais questionar, a necessidade já está incorporada. Mas falaremos das pessoas de situação financeira bastante favorável, pessoas bem ricas. O que fazem quase todas elas? Compram logo um carro caríssimo, um modelo de luxo cuja manutenção aumenta muito os gastos. Será que um carro mais simples não resolveria da mesma forma a sua necessidade de locomoção? Deixando de gastar com essa vaidade, não poderia encaminhar o valor para alguma instituição séria? Ou pagar uma faculdade para uma pessoa carente? Ou quem sabe construir uma casa para uma família em situação de miséria? Poderia até manter as despesas de uma família até que ela saísse de uma fase difícil... Muita coisa é dispensável na vida. Podemos nos vestir muito bem sem que haja necessidade de usar aquela grife que dobra várias e várias vezes o preço. Formas de ajudar existem muitas é só ter boa vontade para descobri-las.

Não é necessário falar somente das coisas que prestam culto à vaidade e saltam aos olhos como carros de luxo ou roupas de grifes. Há sempre alguma coisa supérflua na vida das pessoas, há sempre uma despesa desnecessária. Um pouco de compromisso social melhoraria muito a situação de miséria de muitas pessoas. E ao falar de compromisso ou consciência social, não posso deixar de citar os políticos corruptos que desviam o dinheiro do contribuinte. Isso é algo gravíssimo!!! Para chamar bastante a atenção vou empregar o superlativo da palavra "grave" e três pontos de exclamação.

Há alguns meses, passei diante da periferia de Belo Horizonte, na rodovia 262, indo para a cidade de Manhuaçu, e me impressionei com a quantidade de moradias. Seriam moradias? Aquilo não devia servir nem ao menos para um animal pernoitar. Eram barracos feitos de papelão, pedaço de tudo que é refugado. Ao redor daquelas estruturas, crianças imundas brincavam. Fiquei olhando aquilo e imaginando uma rua daquelas toda reconstruída, arborizada, com saneamento básico e crianças bem nutridas e felizes... Por que algo assim é tão difícil de se tornar realidade se o brasileiro paga tantos impostos?

Neste caso o “ficar pensando” não chegou a nenhuma conclusão. A prova disso é este texto ter encerrado com um ponto de interrogação.

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 18/09/2013
Reeditado em 01/10/2013
Código do texto: T4487362
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