OS CEGOS
Esta crônica foi escrita pelos idos de 1975. Relendo-a, resolvi publicá-la, depois de uma revisão e adaptação à realidade atual. Em essência é a mesma de 1975. Aproveito, para dedicá-la ao amigo e bom cronista Antonio Bacamarte, que segundo ele, tem 23 seguidores neste Recanto e alguns ocasionais, como eu.
Homens nas filas, alguns sérios, outros em algazarras comprando ingressos para uma partida de futebol.
Casais sorridentes, casais distraídos na fila do teatro, para assistirem a uma peça divertidíssima.
Nas filas, os cegos.
Tumulto nos supermercados e em lojas de departamentos em busca de mercadorias em promoções; atropelo nos shopping's; nas ruas, máquinas envenenadas envenenam a atmosfera.
Nas ruas, os cegos.
Machões babam sobre seios de silicones; nas boates desejam a strep e se embebedam.
Mulheres escolhem vestidos, calcinhas, sapatos, brincos e brincam de modelos, desfilam... Como se estivessem nas passarelas ou em novelas.
Homens e mulheres não se entendem sobre a novela, o bem e o mal; as notícias do jornal. Se compram um carro novo ou se fazem uma viagem internacional.
Garotos e garotas se acotovelam diante do hotel, para uma foto, um autógrafo, um aceno do novo ídolo pop, enquanto mascam chicletes e acessam a net em seus I pod's, not's.
Moçoilas e moçoilos se sacodem ao som da nova dupla sertaneja.
No show sertanejo universitário, cegueira coletiva.
O krack, o kréu, o oxi sem oxigênio assustam os cegos. E os crédulos almejam o céu.
O consumo e o suprassumo consomem os cegos.
Além de cegos, surdos, mudos nas garras do absurdo.
Casais sorridentes, casais distraídos na fila do teatro, para assistirem a uma peça divertidíssima.
Nas filas, os cegos.
Tumulto nos supermercados e em lojas de departamentos em busca de mercadorias em promoções; atropelo nos shopping's; nas ruas, máquinas envenenadas envenenam a atmosfera.
Nas ruas, os cegos.
Machões babam sobre seios de silicones; nas boates desejam a strep e se embebedam.
Mulheres escolhem vestidos, calcinhas, sapatos, brincos e brincam de modelos, desfilam... Como se estivessem nas passarelas ou em novelas.
Homens e mulheres não se entendem sobre a novela, o bem e o mal; as notícias do jornal. Se compram um carro novo ou se fazem uma viagem internacional.
Garotos e garotas se acotovelam diante do hotel, para uma foto, um autógrafo, um aceno do novo ídolo pop, enquanto mascam chicletes e acessam a net em seus I pod's, not's.
Moçoilas e moçoilos se sacodem ao som da nova dupla sertaneja.
No show sertanejo universitário, cegueira coletiva.
O krack, o kréu, o oxi sem oxigênio assustam os cegos. E os crédulos almejam o céu.
O consumo e o suprassumo consomem os cegos.
Além de cegos, surdos, mudos nas garras do absurdo.
Esta crônica foi escrita pelos idos de 1975. Relendo-a, resolvi publicá-la, depois de uma revisão e adaptação à realidade atual. Em essência é a mesma de 1975. Aproveito, para dedicá-la ao amigo e bom cronista Antonio Bacamarte, que segundo ele, tem 23 seguidores neste Recanto e alguns ocasionais, como eu.