EXERCÍCIO DE MATURIDADE

Encontrei-o sentado no degrau da escada com a mão no rosto, muito pensativo. Causou-me ternura e certa curiosidade a cena.

Sento-me ao seu lado e pergunto o que o preocupa. Ele responde-me com jeitinho de anjo: -Estou preocupado com meu pai! - Mas, por Quê? Pergunto. – É que ele não consegue arranjar trabalho...

Aquela resposta causou-me espanto como a muito eu não sentia. Aquela meiga criança, com tão pouca idade, tendo preocupações de gente grande! Samuelzinho, é como o chamo, tinha apenas quatro anos de idade. Eu quis abraça-lo forte naquela hora, mas não o fiz, pois diante de mim estava um homenzinho e não um bebê. Disse-lhe, apenas: - Ele vai conseguir, meu amor! Ele vai conseguir! Samuel olhou-me nos olhos por um momento e em seguida abaixou a cabeça desiludido e mergulhou novamente em seus pensamentos. Pareceu, até mesmo, que ele não me havia escutado. Permaneci ao lado dele, quieta, invisível, para não atrapalhar seu exercício de maturidade. Eu precisava voltar para o trabalho, contudo tive pena de deixá-lo sozinho. Passados alguns minutos ouvi a mãe dele chamando-o para se arrumar para a escola. Ele levantou-se e eu fiz o mesmo. Ele subiu as escadas e eu as desci. Porém, a cena jamais saiu de minha cabeça.

Hoje, com meus filhos adolescentes, relembro a cena que carrega, mais do que nunca, tanto significado e me pergunto: o que é maturidade? Quando ela chega? Será que meus filhos quererão e saberão amadurecer? Será que vou gostar se meus filhos esticarem demais a estada debaixo do mesmo teto que eu? Minha resposta imediata é não. Contudo, lá na frente, quem sabe vou preferir a companhia deles a ficar solitária em uma casa grande e silenciosa...

Deixarei o tempo agir, temperar-me e temperar a meus filhos e o que vier será bem vindo!

Que venha o futuro...

Em fogo brando!

DoraSilva
Enviado por DoraSilva em 17/09/2013
Reeditado em 17/09/2013
Código do texto: T4485430
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