PROCELA ?
Meus 3 ou 4 leitores, cujo grande mérito é continuar me aturando; depois da ameaça do trem-bala, cujo projeto eu gostaria fosse enterrado bem fundo, o horizonte do Brasil criou tons cinzentos de incertezas cruéis, de iminente procela.
O dragão da inflação, que julgávamos mortinho da silva, estremeceu as asas e soltou uma fumacinha escura pelas pavorosas ventas. Logo o ar rescendeu a vapores sulfurosos, cujos efeitos foram imediatos.
O dólar, como que impulsionado por um foguete da NASA, subiu aos céus,
A economia nacional levou um tranco e "afogou". O desemprego, como erva ruim, fez subir o gráfico das estatísticas. Caiu o PIB, a indústria cresceu ninharia, todas as previsões do Governo estão ruindo.
A atividade agrícola, sempre em acelerada ascensão, tem que usar silos a céu aberto para armazenar seus produtos e, ainda, luta para fazê-los chegar aos portos. A hora seria dela, o momento seria de exportação, pois as cotações em dólar a beneficiariam, já que, cada dólar, valeria muitos reais mais.
Internamente, estamos presenciando a mutação das manifestações populares, que, embora continuem legítimas, estão tendendo à uma crescente violência (e vão recrudescer na medida em que as reivindicações não forem atendidas, como, aliás, previ em crônica anterior).
A criminalidade aumenta, a roubalheira supera antigos limites, num desprezo tão grande pelo risco de punição, que causa espanto. A deusa do nepotismo assumiu solenemente o cenário político (vide Renan Calheiros , seu filho e sobrinho), cada um, como ratos em navio naufragando, querendo tirar um naco maior...e logo!
O STF está em crise moral; delinea-se uma abominável "pizza", com todos os temperos da extrema falta de vergonha. Descobriram o tal de "embargos infringentes" para conseguir novo "julgamento" para quem já foi julgado e condenado. Infelizmente, não posso escrever o palavrão que me veio à mente, mas seria tão bom...
Enquanto isso, e paralelamente, gastamos bilhões de reais em viagens supérfluas ao exterior, drenando as reservas nacionais e importamos montes de quinquilharias da China e cercanias.
O preço dos gêneros, cujo valor está atado àquela moeda,sobe; sobem também , no seu rasto, muitos outros que nada têm a ver com a subida do dólar, numa clara demonstração da beleza que é o caráter da maioria do nosso povo.
A zona do Euro está falida, a América do Norte luta contra a maré de toda a sorte de dificuldades ( e espiona a gente), a América Latina continua aguardando promoção , a África está moribunda e faminta ao extremo, os tigres asiáticos vão desmoronar em breve, por falta de compradores e a Oceania, bem, a Oceania nem conta.
Os conflitos armados se multiplicam e crescem em desumanidade; ninguém se entende mais, todos querem a mesma coisa, todos querem a vitória; a hegemonia, o domínio total é a única meta.
Resta o quê?
Mudar de planeta é uma excelente opção! Por isso vou mudar o endereço para aquele buraco negro a que aludi em minha crônica "Devaneios" e batizei de PAX !!!!
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(não deixe de ler o colega jornalista Carlos da Costa)