CONHECER PARA JULGAR


Para um juiz, sem medo de errar, a pior coisa é dizer quem tem direito, a quem a justiça vai socorrer, mesmo porque, sua decisão está baseada na lei, nos fatos e nas defesas técnicas propostas pelos advogados. Da mesma forma, quando se trata do direito penal, deve ser horrível decidir sobre a vida das pessoas. Portanto, nunca, jamais, se deve julgar sem conhecer os fatos, melhor mesmo é deixar para os juízes julgarem.

Sábado cheguei de uma viagem de 17 dias, entre dois lugares, sudeste e nordeste, já nem lembrava como é confortável o meu cantinho. Como não gosto que me perguntem “como foi de viagem” dessa vez fiz questão de contar, foi muito difícil, por alguns motivos particulares, mas isso não vem ao caso. Quero dividir com vocês como uma imagem parece, mas não é.

Domingo, cedo comecei a falar com a filha número 2, depois com a número 4 e por fim com o número 3, acertamos um encontro e logo estaríamos conversando fiado e depois seguiríamos para um cinema, gosto desse programa e ainda bem que os filhos me acompanham, se não todos, mas dois prometeram que iriam e foram. Cheguei ao shopping e fiquei aguardando por eles, mas como estava com fome fui liberado para almoçar.

Estava sentado, sozinho, quando uma senhora, com idade superior a minha, com uma bandeja nas mãos perguntou se podia sentar-se comigo, considerando que, enquanto ela foi pegar seu prato, um engraçado deu dois passos gigantescos e saltou sobre a cadeira e mesa, deixando a senhora sem lugar. Ela se aproximou de mim e perguntou se podia sentar, confirmei que sim, que estava esperando alguém, mas que não tinha problema.

Cá com meus botões me esbaldava em sorriso, já que os filhos estavam para chegar e nada entenderiam ver aquela senhora ali degustando uma bela bisteca. Eu e a senhora começamos um bate-papo informal, falamos sobre algumas bobices e eu, intimamente, dava boas risadas, imaginando a cara dos filhos quando chegassem. Primeira visão, Luciana de longe me avista, sem entender se aproxima e eu não me contive, comecei a sorrir e explicar que não conhecia aquela senhora, mas havia cedida o lugar por educação. Tudo explicado, Luciana volta ao encontro da outra filha e começa a brincadeira.

Comenta com sua irmã que aquela era a minha última conquista, minha namorada, a outra filha sorrindo diz que não acreditava e foi tirar a limpo a história, expliquei novamente. Lariene volta para buscar sua refeição, quando chega Afonso Jr, as duas apontam em minha direção e dizem “olha a gatinha do papai!!!” Jr, deu uma risada e disse que não acreditava, que tal situação era impossível.

Tenho certeza, que qualquer um que olhasse de longe imaginaria que era marido, mulher e três filhos em almoço de domingo no shopping. Continuava dar boas risadas em silêncio, até que aquela senhora terminou seu almoço se despediu e eu continuei sentado com meus filhos, foi um bom domingo, a presença dos filhos é ótima, depois fomos ao cinema assistir ‘meu malvado favorito 2’, demos boas risadas, depois fomos para casa.

Uma imagem sem conhecer seu contexto pode nos levar a inúmeras interpretações, por isso, ficou o aprendizado para meus filhos que nem sempre o que parece é, e que antes de julgarmos ou tomar uma decisão precisamos conhecer os fatos que nem fazem os juízes, somente assim, poderemos decidir bem próximo da justiça. Agora imaginem aqueles que julgam os outros sem sequer saber dos fatos? É lamentável, mas tem muita gente por aí que vive a fazer isso, inclusive apontando seu dedo, não limpo, nas costas dos outros.