Trágico encontro
Somos um casal simples e estamos casados há vinte anos. É natural e creio que qualquer casamento com mais de dez anos, não passe ileso dos ataques da inimiga do casamento, (a velha rotina, ardilosa como raposa). O Carlos está com 56 anos, eu com 55, mesmo ainda vigorosos, nossa vida sexual está relegada ao segundo plano. Hoje estamos sozinhos, filhos casados, cada um nos seus ninhos, e isso veio a favorecer a nossa intimidade a qualquer hora.
Até certo tempo, não muito distante, gostava de me surpreender na cozinha com aquelas encoxadas e amassos, após o jantar ficávamos no sofá assistindo o jornal, um filme ou outra programação qualquer que prendesse à nossa atenção, e entre um intervalo e outro, aquelas carícias rotineiras e pertinentes a um casal, hoje já não mais lhe apraz à cumplicidade, pega seu Not Book e navega na net até muito tarde, já o surpreendi vária vezes em estado de excitação plena, e isso me deixa louca, volto pra cama ardendo de desejos, quando o procuro reclama de cansaço, na maioria das vezes vira-me as costas, quando muito , acontece um papai e mamãe daqueles bem rápidos sem preliminares nenhuma. Comprei um Not e passei a navegar também, não com intuito de namoro virtual, mas para não morrer de solidão, conheci pessoas que se tornaram amigas, e graças às ferramentas que a net nos oferece, e através das redes sociais consigo ocupar minha mente, com o tempo preenchido desliguei-me um pouco da ânsia sexual....
Recentemente encontrei na net uma velha amiga, a Iêda esposa do Magno, residem em outro estado, foi uma alegria imensa encontrá-los, logo a manifestação de uma visita para quinze dias após nosso encontro. Comuniquei ao maridão e percebi certa preocupação nos olhos do Carlos, pois o mesmo sabendo da intensidade da nossa amizade, a conversa despertou ciúmes, pois o marido da Iêda é um homem muito atraente, surgiu questionamentos sobre o assunto e então retruquei;
não sou dada a coisas desse tipo amor. Magno havia me falado do desejo de passar uma noite na nossa fazendinha, meu marido não gostou da idéia, nada lhe respondi de concreto, dei de ombros, e pronto!
Em conversas posteriores com a Ieda sobre a bendita rotina que também afetava a vida dos dois ouvi seus lamentos, falei sobre os meus.
Finalmente o grande dia, arrumei tudo para receber o casal, um jantar especial, uma caprichada no quarto de hóspedes, no fim da tarde fomos ao aeroporto recebê-los, euforia total ao nos reencontrarmos, chegando à nossa casa o casal se instalou em seus aposentos e logo após se organizarem, todos para varanda, recordações da nossa juventude foi o tema principal, falamos também do nosso dia a dia , reclamações sobre os maridos e tais... As queixas eram idênticas.
Papeamos até a hora do jantar, rasgos de elogios por parte de ambos sobre nossa receptividade, recebemos, até meu decote foi elogiado. Carlos não gostou do comentário...
O Magno muito extrovertido que é, enquanto jantava comentou... -não posso comer muito, preciso ficar leve, dar uma assistência legal a Iêda, faz tempo que não nos damos um ao outro, o ambiente aqui está bem propício para uma reconciliação, a coitada ruborizou, me fez um sinal por baixo da mesa como quem vibrou de felicidade. Lá pelas tantas o Carlos vai até a cozinha e me chama, nada falou, apenas me abraçou, estava ereto como ferro, acariciou meus seios, fez um breve passeio pelo meu corpo, deu-me um beijo lambe olhos e voltou à sala... Confesso que fiquei excitada, mas por fora meio durona... um discreto charminho.
Finalmente hora de dormir, excedi-me um pouco no vinho e fiquei meio sonolenta, deitei e apaguei.
O dia quase nascendo acordei com os gemidos da Iêda, o Carlos já desperto estava em estado de êxtase, começamos então nossa festa... No quarto ao lado Magno e Iêda se fartavam de sexo, quanto mais a Iêda gemia, mais louco Carlos ficou Magno usou de sua malícia, foi até a varanda fumar, percebeu que nosso quarto não estava devidamente fechado, buscou a Iêda e vieram para nossa cama, acabou a festa, não somos dados a troca de casais, e tudo então terminou para mim, continuei na mesma condição de abstêmia.
Ambos ficaram entristecidos, não imaginavam uma recusa, coisa que hoje é quase que banal entre os casais, envergonhados se desculparam, despediram-se e partiram. Não sou quadrada, mas isso não aceito. Amizade é algo precioso, prima-se pelo respeito, banalidade faz parte de um mundo que não me pertence.
Assim terminou nosso encontro.