GUERRA URBANA
A mídia há mais de uma semana explora a morte de João Hélio e uma comoção geral gera indignação. Nessa hora é muito importante não nos deixarmos levar pela revolta. Passado o primeiro momento é preciso analisar o que pode ser feito sem incorrer em erros maiores. Como falei anteriormente, neste crime, não existem apenas, quatro ou cinco culpados existe toda uma sociedade permissiva e doente por traz de tudo. E certamente não será uma punição mais longa ou uma modificação que afete os direitos do adolescente que acabará com a onda de violência que se alastra qual um câncer por todo país. Modificações sociais na saúde na educação, condições humanas de habitação, saneamento básico, controle de natalidade planejado deveriam ser implementado para que em longo prazo a criminalidade seja extinta de nossas cidades. Mais como fazer tudo isto se o que vemos todos os dias é a impunidade para aqueles que traindo a confiança dos que lhes elegeram, desviam o dinheiro publico, para enormes contas particulares. Como julgar e condenar por uma morte mesmo bárbara e cruel se homens ditos de bem, matam todos os dias homens crianças e mulheres em filas e banco de hospitais, que matam a cada minuto o sonho de jovens irem a escola, do pai de família ter um emprego com salário decente, da mãe pobre ter uma creche ou escola para confiar o filho e poder ir trabalhar com tranqüilidade. Não estou defendendo aqueles que matam para roubar ou por qualquer outro motivo estou apenas tentando não ser hipócrita desviando a atenção de crimes maiores. Enquanto não houver uma conscientização em massa, uma cobrança de ações sociais, de reformas amplas, sem demagogia, crimes como este irão acontecer e ficarão esquecidos pela sociedade. Serão lembrados apenas nas famílias que perderam seus filhos para a morte ou para o crime.
Jacy Ferino
Rio, 14/02/2007