EFÊMERA MODERNIDADE


Talvez eu não esteja imbuído de virtudes para conviver e bem aceitar a modernidade desses novos tempos. Talvez eu tenha me apegado demasiadamente aos valores de outrora, já tidos como retrógrados, eis que a honestidade, a franqueza, o “bom caráter” já não são virtudes e sim apenas conceitos ultrapassados.

E não me chamem de jurássico. Sou um cidadão integrado a sociedade contemporânea. Usufruo e bendigo todos os recursos tecnológicos que a eletrônica, a mecânica e a informática nos oferecem. Estou integrado e me beneficiando de todas as facilidades eletrônicas que meus recursos econômicos me permitem.

Só não consigo me integrar e partilhar dessa modernidade das relações entre “gente”. Nosso corpo não evolui como os aparelhos celulares. Nosso cérebro não se moderniza na velocidade com que os automóveis se atualizam tecnologicamente. Nem nosso sangue vive a metamorfose das evoluções que muitos querem creditar a besta modernidade das relações.

Nossos sentimentos, nossas emoções evoluem sim, mas na velocidade que a coerência da física se materializa. Por isso, considero-me um grão perdido na imensidão do universo emocional, querendo fazer valer os valores primordiais nas relações humanas, afetivas, emocionais, sociais que meu pensar ainda considera vital para uma vida psicologicamente saudável e que ainda exigem - ainda e apesar dessa falsa modernidade besta que querem me impor - a sinceridade, o respeito aos espaços alheios e cumprimento do prometido.

O uso do fio do bigode como sacramento é retrógrado, mas a língua, que compõe as palavras que dizemos, a mim continua sendo o selo que legaliza e autentica as combinações, pelo menos nas relações pessoais, íntimas, afetivas, humanas.


 
Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 12/09/2013
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