Outra história do Kalango, recontada

Outra história do Kalango!

Ele não gosta que a gente conta, por que as pessoas não acreditam. Mas na falta do que fazer, vá lá. Também não é tão extravagante assim. Nem tem o capeta por perto. E tem testemunha!

- Quem é o Kalango ?

É aquele, que a caminho do rancho, ao tentar pegar uma perdiz, caiu numa ribanceira, não pegou a perdiz e ainda teve a visão do capeta.

Para encurtar o caso, Kalango é o cara que gerenciava o buteco na época da quadra de areia do Pedro Pimenta e fazia o melhor pastelzinho da cidade. Quando dava tempo ele recheava com batatinha, palmito, tomatinho de tapera, salsinha, cebolinha verde e, se o freguês desse sorte, uma azeitona.

O Kalango era um butequeiro dos bons. Ele sabia encantar o cliente! Mantinha a música ambiente. Não permitia vigiador de carro no local. Arranjava motorista para quem, por descuido, se excedia na branquinha. Não incentivava coreto de tropicão etílico de freguês. Não colocava apelido. Nunca afirmava a que horas um companheiro foi para casa, quando perguntado pela esposa. Ah! Estava esquecendo, não bebia com bebedor.

Não que ele não bebia. O Kalango gostava de uma pinguinha, uma cervejinha gelada, mas no seu recanto, lá dentro, do outro lado do balcão.

- E daí, do que esse tal Kalango não gosta que se fala ...

Do seu tira gosto.

Não, não é pastel, é caju.

- E o que isso tem demais, a maioria dos pinguços gostam...

É a maneira como o Kalango arranjava o seu tira gosto. Ele tinha um companheiro, nem é dele, mas aprendeu com ele. O Kalango pegava a garrafa de pinga, sacudia para o seu lado, até que o seu amigo visse, despejava no copo até a primeira lista. É o que bastava. O seu amigo saia em disparada. Parava na esquina, olhava para um lado e outro, por causa do transito, atravessava a rua, corria lá no gueirobal do Aníbal. Não dava a mínima para a secretária. Empurrava o portão, dava um pulinho pegava o mais bonito, voltava correndo, tomando cuidado com os carros. Chegava ofegante, entregava o caju para o Kalango e assentava no seu canto preferido, esperando a recompensa: meio caju e um copo de guaraná. A outra metade do caju o Kalango deliciava com a dose de “dona Ana”.

- O que há de estranho nisso que as pessoas não acreditam ...

O amigo do Kalango. Ele tem o apelido de Corisco.

Um cachorrinho vira-lata, cor de burro fugido, que caíra da mudança ano retrasado e foi ficando por ali!

Não acredita ?

O Anibinha era dono dos cajus e testemunha!

João dos Santos Leite

Psicólogo - CRP 04-2674

Joao dos Santos Leite
Enviado por Joao dos Santos Leite em 11/09/2013
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