REALIZAÇÃO IMAGINÁRIA

Prof. Antônio de Oliveira

antonioliveira2011@live.com

Autorrealização é o que todo mundo procura. E, assim, cada pessoa busca, desesperadamente, a felicidade. Nem que seja em atos de vandalismo ou no próprio desespero. Ou, como se diz: tem gente pra tudo, neste mundo.

A autorrealização às vezes se apresenta sob a forma de fantasia, de realização imaginária, pela qual interiorizamos mitos, heróis, ídolos. São famosas as histórias de pescador descuidado da verdade: as narrativas engordam, recheiam a fantasia. Que peixe enorme! Alguns bêbedos também se tornam fanfarrões, valentes, e costumam contar vantagem.

Mãe de “um capeta em forma de guri” recebia queixas por agressividade e brigas constantes do garoto. Mas, sem cair na real, sempre o defendia. Tem mãe que é cega... Pois, para ela, o filho era uma criança legal, bacana, bem-educada, porém vítima de perseguições.

A letra d“O meu guri”, de Chico Buarque, descreve o sentimento da mãe de um assaltante que “Chega suado e veloz do batente / E traz sempre um presente”. “Olha aí / Olha aí o meu guri olha aí / Olha aí é o meu guri”. Finalmente, “Chega estampado manchete retrato / Com venda nos olhos legenda e as iniciais / Eu não entendo essa gente seu moço / Fazendo alvoroço demais...”

Cada vez mais se fantasia na TV. Real e imaginário se confundem. As novelas abastecem o imaginário. Misturam-se o vilão e o herói fabricado. E esse cara sou eu: amigo de pessoas importantes, capaz de qualquer coisa. Deixa comigo. Sou capaz até de mudar a lei por conta própria. Você sabe com quem está falando? Que que isso? Nunca ninguém foi capaz disso. Basta um telefonema meu. São maneiras de expressar a própria mania de grandeza, mega, macromania: “Tornava-se rajá, nababo, xá da Pérsia, e tonteava-nos com sua megalomania”, escreveu Agripino Grieco. Sim, a presença de quem tem o rei na barriga tonteia a gente. O arrogante é um insolente. Político brasileiro, então, depois de eleito ou reeleito! Também pudera... deita e rola.