Meio passeio pela capital da esperança
A L2-Sul, agora, anda toda sinalizada. Sinal dos templos? E curiosamente, acho que o trânsito vai fluindo melhor, com mais disciplina. Mas também tenho evitado nela trafegar nos horários de pico. E minha agenda de trabalho, em horários diferenciados, me permite essa quase sinefrescura. E mais, tenho ainda a opção do caminho das Embaixadas, a Avenida das Nações Sul, que lhe corre paralela, com
tráfego bastante mais reduzido e cujo asfalto é bem mais sofrível, mas de visão e vista, não tem mais aprazível. Crível?
E foi na vista, o que me deu nessa tarde, de 25 de março: num dos semáforos que já ia amarelando, fiz questão de não acelerar. Tinha todo o tempo do mundo, sessenta vezes um segundo, e se não for pro cabelo ajeitar, dá até o que pensar, o que contemplar.
E, justamente do lado do HRAS, acho que é assim que se escreve, o hospital regional da Asa Sul, vi ganharem a travessia aqueles três magros, mãe e dois filhos, se não curados, esperançados. A mãe ia com um lencinho sobre o olho direito, aconchegada no amparo do filho mais velho e à frente deles um menino duns doze anos, ou treze, da camisa amarela, bem posta pra dentro da cintura, e uma expressão também icterícia, dos raiz dos cabelos anelados e recém-raspados, refletindo, na expressão compungida queixinho fininho, olhos fundos, o cadinho em bocadinho de nossa diversidade étnica.
Foi o primeiro a terminar a travessia da metade da via, que para o centro descia. Fê-lo sem correria, apenas para chegar à ilha central, portador do guarda-chuva, e logo virou-se para trás para constatar, na expressão encabulada e num raiozinho de felicidade, que a mãe também iria também chegar salva e sã àquele pedaço, antes que o sinal reabrisse para os automóveis.
Arranquei, sob o céu plúmbeo. E nem me ocorreu, mirar o retrovisor, ou dar uma a espiadinha usual, logo adiante, no ninho de corujas que se estabeleceram naquele canteiro central sob um pé de bougainvilleas há pelo menos um par de anos. E rumei pro trabalho.