ARMAR DURA ABERTA

Esse corpo que nos carrega é a maior forma de alcançarmos os objetivos supremos das conquistas do amor. Estas carapuças que nos vestem escondem as estranhas entranhas dos nossos sentimentos mais puros.

São armaduras construídas para nos defendermos das armadinhas das paixões, dos golpes das ilusões, guerras intermináveis contra as obscuras fatalidades falsas de conquistas superficiais, inverdades e falsidades tentadoras que arriscam nosso tesouro mais precioso.

Na dualidade do amor não resta outra saída senão a entrega, a busca incansável do encaixe pleno, a perversa sexualidade naturalmente alcançada em gestos simples e práticos. Dois corpos sãos e insanos querendo o único e certo prazer da vida.

São frações de milésimos de segundos que tornam a sintonia das almas uma união inexplicável e inesgotável, supridas e suprimidas por existirem numa junção irracional e aceita por ambos. Simplesmente por se completarem.

É o ato da conquista eterna, a satisfação sem forma nem força de acontecer, ações involuntárias que satisfazem por apenas existirem que formam um lindo casal. A sintonia do sentimento não precisa de respostas, não causa duvida na troca de olhares, não repele a pele, e acima de tudo não afasta os seres, os prazeres e os aconteceres. São um para o outro quando são para o outro, são completos quando se deixam completar, quando a arma dura que protege é desmascarada sem luta, sem esforço algum, causando uma sutil sensação de bem estar, de plenitude interna.

Proteger o corpo é suprimir a vontade, esconder a verdade que está louca pra voar e achar o local para a construção do ninho da vida, do estabelecer território sem ter limites concretos.

A nudez do corpo inicia o despir da alma, a real e sincera entrega sexual e física é o inicio do polimento da jóia rara que cada um tem e que guarda como tesouro único e fatal, que só pode ser doado uma vez a quem conseguir entrar na protegida caixa que habita o frágil coração. Sem volta.

Se doar é mais do que valorizar o som, a imagem, o toque e cheiro, é deixar penetrar a utópica raridade de um verdadeiro sentir, deixando cair a máscara infiél que trava o pleno amor

Sidnei Oliveira
Enviado por Sidnei Oliveira em 12/04/2007
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