À "ESSES MOÇOS" MASCARADOS!
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“Esses moços, pobres moços (mascarados)/Ah! Se soubessem o que eu sei/ Não (defendiam e nem) amavam, não passavam (por humilhações e tudo)/Aquilo que já passei...” nas mãos da Censura Federal, quando comecei a escrever no início da década de 80, em A NOTÍCIA, em Manaus..
A música “Esses Moços” de Lupícinio Rodrigues, é que melhor representa a baderna atual em que vive o Brasil, com alguns “mascarados” defendendo à volta ao Regime Militar e pedindo o fim da democracia que custou tanto sangue e morte a bravos patriotas. Esses Moços todos com menos de 25 anos e mesmo que já tenham pouco mais de 30, eram ainda dependentes de seus pais e não sabem o que foi e nem como foi o regime militar porque não viveram esse tempo; eram todos crianças, apenas.
É verdade que houve o chamado “milagre econômico brasileiro”, uma época de excepcional período de crescimento econômico e de inflação, durante o Governo Militar. Esse período é também conhecido como anos de chumbo, especialmente entre os anos de 1969 e 1973, durante o Governo Médici, mas também é o período áureo do desenvolvimento, mas paradoxalmente, é a fase de aumento da concentração de renda e o aumento da pobreza. Instaurou-se então, o ufanismo e o Brasil passou a ser considerado uma potência econômica e se evidenciou ainda mais com a conquista da Copa do Mundo no México, em 1970, que foi usada pelos militares que instituíram o slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
“Esses Moços” saibam que eu também “tive meus belos dias/e essa mania e muito me custou/ Pois só as mágoas que trago hoje em dia(...) ” por ter o livro de poesias (DES)Construção...(1978) parcialmente censurado e só reeditado pela Prefeitura de Manaus 23 anos depois do fim do Regime Militar, e outro totalmente censurado (Sem Pátria/Sem Bandeira) no qual satirizava o slogan com Governo e defendia a volta da democracia no Brasil. Levantei bandeiras, participei de movimentos sociais e tudo o que reivindicava a volta da liberdade.
Desculpem-me todos e pedem a volta do regime militar. Respeito os que pensam assim, mas “esses moços”, não conheceram ou viveram o que era o regime militar e nem no que era esse regime, que se apossou do país 1964, com o Golpe Militar e se encerrou definitivamente com a convocação da Assembléia Nacional Constituinte e a elaboração da Constituição promulgada em 1988. Desculpem-me, mas “esses moços” (...) “se julgam que há um lindo futuro (...) saibam que deixam o céu por ser escuro e vão ao inferno à procura de luz (...)”. Nada disso vai acontecer!
Paguei meu preço e, por isso, fiquei indignado com jovens moços mascarados que não viveram o período do Governo Militar, levantando bandeira em favor da volta desse tipo de governo. Ah, não! Respeito e defendo os movimentos sociais, mas não quero e nem desejo à volta da ditadura militar ao Brasil. Não me considero um perseguido pela ditadura e nem pedirei indenização por isso, mas trabalhava no jornal A NOTÍCIA em Manaus, berço de oposicionistas, com uma pessoa da censura federal meu lado e lendo tudo o que escrevia e alguns textos de poesias e crônicas sequer chegaram a ser publicados no dia seguinte. Simplesmente o X colocado no centro do texto era o suficiente para eu saber que ninguém o leria no dia seguinte, nas páginas do jornal em que escrevia por ser de oposição ao Governo do Estado indicado pelos militares, um coronel do Exército, na época.
Portanto, senhores moços, lhes peço: reivindiquem, mas não depredem e nem defendam a volta do Governo Militar porque embora eu não trabalhe mais em jornal em Manaus, sei que não será bom para ninguém: em vi e vivi toda uma parte desse período, mas me bastou pelos poucos anos que convivi com esse regime ditatorial de força.
”Por meu sangue, tudo enfim/É que peço/A esses moços/Que acreditem em mim”, como encerra a letra da música “Esses Moços”, de Lupícinio Rodrigues.