Paranaense como a araucária
Descobri que o Paraná é um ilustre desconhecido. Pelo menos foi a esta conclusão que chegou o Instituto Paraná Pesquisas, que andou perguntando pelo Brasil o que as pessoas sabiam sobre o estado. Uma grande parcela não sabe em que região fica o Paraná, e uma porcentagem maior ignora que Curitiba é a sua capital. Quase ninguém sabe citar um artista local – apesar de Chitãozinho e Xororó – e praticamente todos desconhecem um escritor paranaense – apesar do Leminski, que anda vendendo bem.
Embora nascido em Santa Catarina, considero-me tão paranaense quanto a araucária. Costumo dizer que eu já estava em Curitiba no ano de 1661, quando um dos povoadores, meu antepassado, requereu para si a sesmaria que hoje é o Parque Barigui. E na verdade eu já estava lá antes, quando fazia parte de uma tribo de índios carijós, também meus ancestrais, e que depois foram escravizados pelos povoadores. Fisicamente, com o meu próprio corpo e alma, morei no Paraná cinco anos, onde me formei e onde tenho uma mãe. Também sou, pois, paranaense.
E tenho feito a minha parte para deixar o estado mais conhecido. Caminho pelas ruas de Brasília vestindo a camisa do Paraná Clube – especialmente agora que, embora na segunda divisão, tudo leva a crer que iremos subir. Com frequência comparo o transporte coletivo e a vida cultural de Brasília com os de Curitiba, com larga vantagem para esta última. Faço boa propaganda do frio (exagero um pouco) e da pouca previsibilidade climática. Mas eu falo apenas de Curitiba, que é a parte do Paraná que conheço. O problema é que os paranaenses também não conhecem o Paraná.
Ainda não encontrei um paranaense morando em Brasília. Um dia topei com o presidente da Federação Paranaense de Peteca, que estava de passagem. Miseravelmente, torcia pro Atlético. E a fim de aumentar o conhecimento dos brasileiros sobre o estado, esclareço que a boa fase do Atlético no Brasileiro acontece apenas por estar jogando no estádio do Paraná.