A minha meia-inteligência!

Respondam-me, por favor; por que o cidadão da terceira idade quer ser pai? Olhem para mim, com duas vezes trinta anos de idade e uma filha com seis. A gente se torna pai-avô, e segundo alguns psicólogos e palpiteiros de plantão um avô é “tragédia” na educação de uma criança. Acham que o vovô estraga tudo. E não é que estraga!

Sammhyra Gabriela nasceu no dia 04 de outubro, portanto no “Dia de São Francisco”, santo católico doutrina que não professo, mas eu gosto muito da história deste cabra macho que ficou pelado no meio da rua pra jogar na soleira da casa do pai, um nobre senhor, as suas vestes fidalgas e ali vestir um traje de opção aos pobres. Linda história mal contada, e por que não dizer sobre o bispo estava do lado do nobre, e ao ver ao ver Francisco trocar as vestes só fazia “Oh! Oh! Oh!”, com aquele sutil ar de espanto pelo tamanho da coragem.

Mas o assunto é a minha filha-neta, que está na idade da curiosidade, e é um tal do por que isso, por que aquilo? Ela, acompanhado os meus ais de diabético, de operado do coração, com hérnia no umbigo e outras variações comportamentais resultantes de tudo isso, assim mesmo me vê como o pai herói! Diz até que será médica para cuidar de minha velhice. Ela ainda acha que sou novo. Na sua inteligência, já que pedagogicamente não lhe respondo tudo que pergunta para que ela desenvolva seu raciocínio, já chegou dizer que sou apenas meio-inteligente!

No seu universo de fantasias, acho que influenciada pela data de nascimento, ela tem uma criação imaginária de animais com os quais conversa como se fosse um Assis! Ela personifica jacaré, elefante, sapo, cachorro, onça e outros bichos mais, e com esse imaginário fica a rodar meu ninho de trabalho. Já até transferi meu espaço do escritório contíguo para a minha sala de estar, e assim estar mais perto de minhas feras.

Eu finjo que me assusto quando a oncinha chega rosnando e provocando olhares para a minha gaveta de segredos, de onde então retiro um pirulito ou um biscoitinho achocoltado, assim conseguindo me livrar de um ataque selvagem. Mas a oncinha parece ser fofoqueira; daí em diante todos os animais da extensa fauna que habitam a cabeça de Sammhyra vêm um a um pegar o bis. Mas nenhum deles se atreve a abrir a minha gaveta, que não tem chave e nem cadeado. Se eu não estiver, olham com os olhos e lambem com a testa!

Pai velho é assim, não grita acabou. Vai dando de si o quanto puder e tiver para criar os filhos com amor, educação e respeito, sem precisar buscar recursos com a Super Nany, sendo também diferente dos filhos do tempo de juventude quando tudo valia um carão, dois gritos e três chineladas. Por isso é que eu hoje aconselho aos jovens casais; façam sexo pela Internet e deixe para fazer filhos acima dos quarenta anos de idade, e se possível já com cinqüenta. Isso é um passo para o homem alcançar a meia-inteligência!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi, Bahia. ... seupedro@micks.com.br