Aposentadoria: um merecimento
Li em algum lugar algo parecido com este princípio: “Feliz aquele que não se condena no que fala”, e, podemos acrescentar, faz.
Ao longo dos anos, percebe-se que a coisa mais frequente é a distância que há entre o falar e o fazer. Faz-se aquilo e fala-se outra coisa.
Ele – sabe-se quem é – aposentou-se aos 38 anos, mas quando esteve exercendo o Poder achou por bem que o direito à aposentadoria deveria ser dado aos outros quando eles atingissem mais idade. E, dizem as más línguas, que ele chegou a afirmar:
- Quem aposenta antes dos 50 anos é vagabundo!
Se assim foi dito, coitado! Rotulou-se a si mesmo.
Aposentadoria é merecimento.
A pessoa contribuiu, construiu e produziu durante um bom tempo. Para isto houve desgastes físicos e emocionais. O tempo passa e a idade chega.
Aposentar para quê?
Aposentar para ser (mais) feliz. Aposentar para ser dono de seu próprio tempo. Aposentar para fazer aquilo que melhor apraz e fazer na hora que bem entende. Aposentar para...
Aposentar não significa necessariamente não fazer nada. Se o trabalho dignifica, o ócio pode ser criativo.
Aposentar para ter o direito de dar asas à imaginação.
Há aqueles que não se enxergam sem seus trabalhos, horários e lugares onde exercem suas funções. Trabalham nem tanto pela renda, mas pela rotina. As rotinas lhes preenchem.
Aposentar requer criatividade, a não ser que se queira morrer de tédio pelo nada ter que fazer.
O motivo da produção deste texto foi algo que me deixou feliz. Fiquei feliz por constatar a felicidade que um amigo sentiu ao receber a notícia de que sua aposentadoria seria publicada.
Após trinta anos de magistério o descanso merecido sem mais a rotina toda que envolve a vida de um professor em uma escola.
Parabéns, amigo! Recrie. Recrie o seu tempo conforme sua imaginação lhe ordenar (ou não, pois morrer de tédio também é um direito!).
Felicidades!
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 07/09/2013.