Roubar é Fácil e comum: difícil é ser bom político.
Já se tornou tão habitual o crime, que a banalidade o confunde na sua classificação. O crime está aí, mais do que nunca, ameaçador e ousado, modernizado na sua execução, intelectualizado nas diversas intenções, e cada vez mais invulnerável à punição. Comum se tornou não só pela tipificação (Aquele que todos podem cometê-lo), mas pela facilidade, frequência e “normalidade” com que é visto pela sociedade. Próprio, aquele crime cujo agente exerce uma atividade específica, (Ex. peculato), concorre com os demais tipos, mas logrando alguns benefícios pela sua natureza ou prerrogativas do agente.
Os crimes de corrupção ativa ou passiva, formação de quadrilha, peculato, desvio de verba e outras formas se locupletarem à custa do erário, já não causam espanto à sociedade nem temor a quem os comete. Apossas-se do dinheiro público, roubar o contribuinte, são hábitos comuns entre os políticos carreiristas, que entram para vida pública para se beneficiarem. Eles já nem temem o escândalo; sabem que vale a pena enfrentá-lo num tempo breve, logo esquecido quando um novo surge e ocupa a mídia. O poder político está aí para assegurar-lhes regalias; a justiça, de alguma forma, submete-se ao legítimo direito de defesa com a impetração de recursos, e as penas, quando existem, se reduzem ao mínimo que logo resulta em liberdade.
Então, ser político, que seria um brilhante papel a serviço do bem comum, torna-se, pelo oportunista politiqueiro e corrupto, uma profissão deplorável, a bem de um só ou de alguns. Ser investigado por uma CPI, expor-se na mídia, ir à última instância do Judiciário, tornar-se inelegível ou até passar um tempinho numa reformada cela do presídio, nada disso tem importância após a soltura, a liberdade e os bens reconquistados, tudo já apagado na frágil memória do povo e o salafrário rindo dele, tendo pavor de lembrar-se do tempo em que era pobre e precisava eleger-se para tornar-se rico ou, já sendo rico, precisava do voto do pobre para aumentar-lhe a fortuna.
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