A CIDADE DOS SONHOS

Numa família tradicional do interior, havia um jovem que sonhava em fazer uma cidade, planejava em sua brilhante memória em como seria o modelo desejado e qual expectativa de seus habitantes. Passava horas colocando as suas ideias no papel, preso pelo pensamento e imaginação profunda. Até que o seu irmão mais novo o interviu:

_ Ô Sherlock Hormes, você não está necessitando de um Dr. Watson para ajudar em sua pesquisa

_ Agora não. Caso eu venha necessitar, lhe avisarei. Prosseguiu introspectivo suas anotações.

_ Sô Metido.

O jovem seguiu a sua saga expondo na ponta do lápis a imagem da cidade utópica e desejo ansioso de torná-la real. Elaborou um grande mapa e o abriu numa escrivaninha. Esboçou rios, matas, e pingos, locais que serviriam de residências. Para cada pingo balbuciou quem seria o habitante consequentemente. O primeiro ponto bem ao meio deu o nome de igreja e comentou aqui era a referência. Todos tem direito de professar uma religião, em busca do mesmo Deus, o Deus que transmite paz, justiça e amor, para quem o procura. Quando chegamos numa cidade é a primeira coisa que observamos, se destaca pelas suas torres e a cruz. Depois se dirigiu a outro ponto e o batizou pelo nome de escola. Ninguém vive sem instrução, esta será a base da sociedade, por este motivo deve estar destacadas entre os demais pontos. Centralizou um dos pontos no meio do mapa e comentou em seu sentido: _ Este ponto deve estar bem no meio, para que todos tenham o mesmo direito e um não sobressai sobre o outro. E escreveu “Saúde” um bem de todos. Após foi a outro ponto também central. Aqui será o fórum. Finalizando os pontos de destaques, pingou um bem ao lado do fórum. Aqui estará a manutenção da paz e da ordem, questão de segurança pública, um destacamento policial e uma delegacia. Não há paz sem justiça e nem amor sem união. Todos tem direitos iguais perante à Lei. Nesta cidade, os pratos da balança da justiça serão no mesmo nível, nenhum se penderão, nem de um lado e nem do outro. Aqui colocarei um cartório, para cuidar de todos os registros, seja civil e outros. Após fazer estes pontos em destaque, começou a espalhar pontos pela cidade. Em cada um dos pontos colocou uma família, alternando raças e etnias. Depois passou para os pontos de destaques. Iniciando com a igreja. Aqui ficará o padre e o reverendo. Porque não há outro Deus, ambos são pastores de ovelhas resgatadas e perdidas. Não será construída nenhuma casa chamada igreja, pois, quando há união, justiça e amor, não há divisão de um povo. Não existia dois Abraão e dois Moisés e ambos ensinavam a adorar um único Deus. A igreja são todos àqueles que fazem a vontade do Pai. O dizimo e ofertas serão destinados para manter a igreja e obras sociais, caso houver desvio e atitude suspeita, seus dirigentes sofrerão a punição devida e serão banidos da cidade. O padre e o reverendo receberão salários fixos para o trabalho de evangelizar, dar cursos bíblicos para a população e dedicar às obras sociais da cidade. Não necessita mais do que isso, pois, Jesus nos ensinou humildade, fidelidade e dedicação e andava pelo deserto vestindo uma túnica e calçando uma surrada sandália. Qualquer pregador que foge deste padrão, gosta de luxo e vaidade. Neste espaço ao centro ao lado da igreja, colocarei uma praça, cercada por árvores e flores. Desenhou bancos e mesas. O povo se encontrará para dialogar e terão lazer. Para circular a moeda local, o jovem circulou um dos pontos próximo à praça e balbuciou: Aqui ficará o banco da cidade. Circulará as finanças da cidade. Nos cantos do mapa o jovem dividiu ao meio. Sendo do lado esquerdo as empresas que trarão lucros e farão circular a economia. Do lado direito foi destacado uma grande área verde e uma grande área rural, para que os trabalhadores possam produzir frutas e legumes para o povo da cidade, sendo estes orgânicos e de baixo custo. Todos tem o direito de viver dignamente e ter saúde de qualidade. Ao lado da área rural marcou um ponto de “Escola Superior” aqui se formará cidadão, que darão continuidade ao meu projeto. Desenhou alguns bonecos em torno da praça e os registrou: Padre, Reverendo, Professores, Médicos, Juízes, Promotores, Delegado, Policiais sem armas, Magistrados em todas as áreas, escrivãs e tabeliães. Quanto à administração pública, o prefeito será eleito pelo povo, com mandato de quatro anos, durante dois anos se o mesmo não apresentar resultados, a população o retira do cargo, através do processo de impeachment. Cada cidadão terá três horas de folga na semana, com intuito de participar das seções de votação na câmara municipal. Quem faltar deste compromisso, será automaticamente punido em sua folha de ponto, pois, estas três horas farão parte da sua carga horária de trabalho. Caso o vereador não apresente nenhuma lei, ou realizam trabalhos contrários aos interesses dos eleitores, o mesmo sofrerá o processo de impeachment, onde será automaticamente substituído pelo suplente e este cumprirá o restante do mandato. O mandato será de quatro anos e não terá reeleição, dando oportunidade para os demais. Política não é profissão. Os salários do executivo, legislativo e judiciário, serão aprovado pela população através da Assembleia de Iniciativa Popular (AIP), que será organizado pela igreja, entidades de classes e associações. O cidadão que assumir cargo público, não poderá estipular, ou votar os próprios salários. Àquele que tentar manipular, ou ludibriar o processo, será expulso do cargo que ocupa e substituído em seguida pelo suplente e sucessivamente, de acordo com a vontade popular. Encerrando olhou para o mapa e calculou o número de habitantes, somando milhares de pessoas. O jovem não viu as horas passar, quando acabou já estava anoitecendo, já cansado, com fome, procurou suprir as suas necessidades. Na hora de dormir colocou o cartaz do seu lado e dormiu pensando na cidade dos sonhos.

J. Chaves

J Chaves
Enviado por J Chaves em 06/09/2013
Reeditado em 06/09/2013
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