FÉRIAS INESQUECÍVEIS NO MEIO DO LAGO EM AUTAZES EM 1986!

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O barco de 12 HP que transportava a mim e ao meu tio Armando rumo ao lago de Autazes, aonde eu iria a pretexto de descansar e pescar. Deixava para trás um rastro de fumaça pela chaminé e, pela frente além do pouco banzeiro que produzia devido a lentidão quase parada, alugada pelo meu tio como presente de aniversário, se podia ver peixes pulando como se estivessem evitando bater na pequena embarcação, tartarugas e jacarés “escorregando” de cima dos toros de paus às margens do rio e entrando nas águas barrentas do Rio Madeira.

De tão lento que seguia o barulhento barco, cheguei a perguntar se ele não poderia ir mais rápido, tanta era a ansiedade de meus 26 anos de chegar ao local para descansar no meio do lago, em uma rede, só ouvindo canto alegre de pássaros livres ao voar, vendo floresta multiforme e comendo o que o lago nos proporcionasse. Para o café da manhã, eu adquiria leite de uma fazenda em frente de onde ancoramos o pequeno motor. Deu até para nos entrosar com os moradores e fomos convidados para jogar uma partida de futebol. Eu, é claro, escolhi o gol e meu tio ficou no meio do campo.

Vez ou outra ligávamos o motor e nos deslocávamos a um flutuante para pedir verduras; no resto, era tudo por nossa conta mesmo! No dia de meu aniversário, meu tio Armando achou de fazer um prato diferente e decidiu atirar em um pato do mato. O pato foi baleado, mas não morreu. Mergulhou na água e entrou em baixo de um mato, mas meu tio não desistiu de meu presente e pulou n’água e decidiu ir buscá-lo. Trouxe, terminou de matá-lo e o preparou só com sal e arroz. Foi meu presente de aniversário dado com tanto carinho e gosto porque vi o esforço que meu tio Armando fez para ir apanhar o pato depois que ele se enfiou embaixo do capinzal. Voltou nadando, cansado e feliz, com o pato do mato nas mãos e depois foi prepará-lo. Fiquei só olhando porque ele dissera que seria meu presente de aniversário!

Vez ou outra subia em cima do toldo do motor para filmar alguma coisa e, nesse instante, percebi a revoada de pássaros aos bandos retornando aos ninhos. Depois, um silêncio sepulcral se fez nas árvores. Mais tarde, um o outro canto se ouvia no total silêncio do barco ancorado no meio do lago. Achei isso engraçado e registrei na crônica REVOADA SOLITÁRIA, publicada na obra “CRÔNICAS DE UMA POESIA INACABADA” um de meus vários livros publicados e esgotados.

Depois que descobri que isso acontecia sempre cinco minutos antes das 18 horas, passei a subir todos os dias no toldo do barco só para apreciar esse movimento coletivo em bando de aves retornando aos seus ninhos e descia depois que o silêncio se fazia presente. Depois, só conseguia ouvir o cantar barulhento dos sapos e o barulho de peixes batendo na água a cada pulo que davam.

Era o silêncio inocente das aves que ainda não haviam perdido seus habitats naturais para o homem, felizmente!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 05/09/2013
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