“LIBERTAS QUA SERÁ TAMEN”.
 
“Liberdade ainda que tardia”


Crônica de Valdemiro Mendonça.
 
     Será que os brasileiros... “Será que algum brasileiro já sentiu a liberdade na plenitude do significado que a palavra contém?” Talvez os ricos... Não, pois, eles não podem dirigir seus carrões bêbados e atropelar as pessoas sem ter que responder por isto... Ainda bem!

     Este bichinho delicado, pensante e maravilhoso chamado mulher, será que elas são livres como gostariam? Também acho que não, aliás, porque economizar? Vamos corrigir: estas gigantes fêmeas pensantes, a mais perfeita obra do criador, a inigualável “mulher”.

     Com certeza elas nunca tiveram a liberdade que merecem, nem com as atuais conquistas, pois ainda não têm dos homens o respeito e reconhecimento a que sempre tiveram direito. Sem alongar muito, basta vermos os maus tratos que recebem em todos os setores da sociedade. 

     Hoje no jornal do estado de Minas mostraram uma mulher que teve os olhos perfurados por um ex-namorado... Namorado não... Certamente a palavra namorado não pode designar um monstro destes, namorado é uma palavra romântica que está ligada ao amor, este energúmeno jamais poderá se enamorar de nada.

      Estes casos são frequentes nos jornais e telejornais do país e a pergunta secular continua sem resposta, até quando? Um casal de amigos casados e com a mesma profissão de bancários, que prestam o mesmo serviço na mesma empresa, mas em agências diferentes, em conversa trivial me contaram que o salário dele é pelo menos trinta por cento maior que o dela, indaguei para outro amigo gerente do mesmo banco: por que a diferença? A resposta veio sem que ele pensasse para responder, apenas disse como se isto explicasse o absurdo: o homem é o chefe da família e tem que ser mais bem remunerado. Ó meu Deus!

     Apesar de muitas mudanças, o homem até a menos de vinte anos passados, casava, quando a mulher decadente cheia de filhos e mostrando no corpo e no rosto a fadiga dos maus tratos ele simplesmente procurava outras mais bonitas e abandonava aquela que gerou seus filhos, simples assim, como se o mundo girasse em torno do seu umbigo. A mulher guerreira sempre, salvo raros casos diferentes, nunca abandonava os filhos e vendia se preciso, o próprio corpo para criar à prole.

     Hoje não existe mais as velhinhas de quarenta anos, às maravilhosas pensantes aprenderam a se valorizar e agora com quarenta parecem meninas de vinte, que maravilha... Claro, ainda tem algumas preguiçosas que não se cuidam, mas geralmente é por que desistiram dos homens e acham que não vale a pena deixar de comer as gostosuras nas comidas abundante para quem trabalha e tem a liberdade de opção e escolhem não se juntar ao energúmeno homem... “Nem todos“. Liberdade...

     Por falar em energúmeno, houve um ex-presidente, que era um pobre operário e num comício para as diretas já, abriu os braços num palanque de comício e declamou a frase de autoria do juiz americano “Warren Burger, liberdade liberdade abra as asas sobre nós”. Dizem que madame liberdade resolveu atender o pedido e ele sim soube aproveitar a liberdade, publicaram até em uma revista de renome deste Brasil que ele foi considerado um dos maiores bilionários do mundo, o cara está rico mesmo... Up-lalá, Lulalá.

     Bem, acho que quem sabia mesmo o verdadeiro significado da palavra liberdade, era o Tonho filho da dona Zica que morava em Caratinga lá pelos idos de mil novecentos e outros tantos, eu tinha quinze anos e fazia parte de uma gangue de ciclistas, nossas aventuras era rodar nos finais de semanas de uma à outra cidade próxima à comarca. Por este tempo, mudou-se para lá uma senhora com o filho, vieram de uma biboca de nome serra de Jaratataca onde viveram até o pai falecer, venderam o pequeno sitio e foram para a cidade pensando em viver melhor.
     
O Tonho era sinônimo de alegria, sempre risonho conquistou logo a simpatia do nosso grupo, um dos nosso amigos mais bem de vida e que tinha duas bicicletas lhe emprestou uma e ele passou a fazer parte da turma, o garoto era tão educado que logo passamos a nos encontrar na casa dele para planejar os passeios e aproveitar para comer as delicias dos doces feitos por dona Zica.

     Num dos passeios combinamos de ir a um casamento numa fazenda e claro, ficamos surpresos de Tonho dizer que não iria. Depois de alguma relutância ele contou que não tinha sapatos nem roupas decente para um casamento, no mesmo instante os garotos providenciaram roupas e foram à loja do senhor Orvir, “fabricante de calçados” e compramos um par de sapatos quarenta e três, ele experimentou gostou agradeceu emocionado e no sábado lá fomos nós para a tal fazenda. Rodando de bicicleta estava tudo bem, mas na fazenda, à medida que o tempo passava Tonho foi ficando mais quieto e depois do casamento partimos para festa, comida e bebida de graça até a hora do baile, aí é que pegamos no pé do infeliz zoando o coitado que sempre se gabava de ser pé de valsa, ele apenas sorria amarelo e por fim quando andava, era devagar e com as pernas abertas parecendo pisar em ovos. 

     Quando amanheceu o dia nos despedimos, agradecemos e voltamos para casa, o Tonho sempre calado. Chegamos a casa dele e dona Zica fez questão de que tomássemos café com broa, entramos todos na sala da casa de chão batido e cada um queria contar para dona Zica às peripécias do casamento, foi aí que Tonho se levantou e perguntou: agora já posso tirar o sapato? Claro respondemos, ele arrancou o par de sapatos dos pés elevou os dois ao alto sustentado na mão direta e gritou na maior altura que conseguiu: “viva à liberdade” depois disse: a tal de escravidão deve ter sido igualzinho a sapato apertado, por isto que nossos irmãos pretos festejam tanto o treze de maio...

     É Tonho, talvez seja isto a verdadeira liberdade, o momento que tomamos à decisão de nos livrarmos do fardo que nos esmaga. Viva a liberdade.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 05/09/2013
Reeditado em 09/09/2013
Código do texto: T4468246
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