História da Mestra

História da Mestra

Quando eu vivia entre os homens, eu aprendi muito com as experiências humanas.

Aprender com as pessoas, com os relacionamentos, com o trabalho, com os colegas, com aqueles que se ama e com aqueles que, por um motivo ou outro, há um desencontro, uma incompatibilidade.

Conclui existir uma idéia distorcida do romance.

Sábio é aquele capaz de amar várias pessoas, aquele que se desprendeu da necessidade da angústia de apenas um amor romântico.

Eu vivi numa cidade, onde as pessoas falavam mal umas das outras.

Cidade pequena, poucos habitantes, muita pobreza, muitas dificuldades.

Caminhava todos os dias com aquelas pessoas. Conhecia todas elas pelo nome. Sabia quem era a mãe, o pai, a família... O que tinham em casa e o que não tinham. E, ainda assim, com tanta convivência, com tantos dias iguais passados juntos, aquelas pessoas conseguiam falar mal umas das outras.

Cada um se escondia na sua pequena propriedade, guardando a sua pobreza como tesouros.

Aprendi o silêncio.

Aprendi a observar muito mais do que falar.

Aprendi a ouvir, muito mais do que expressar pensamentos e palavras.

Quando eu dormia, ia para um nível espiritual superior, para aprender mais. E lá me diziam: Não se importe. Não sofra. Você está aprendendo. E não julgue aqueles que estão errados. Todas as vezes que você julga alguém, você se prende ao julgamento.

E assim fui evoluindo.

Eu não fazia parte daquela energia, daquelas pessoas e daquele lugar.

Então, comecei a ensinar. Tive com as crianças a oportunidade de passar um pouco daquilo que eu sentia. E percebi que muitas delas já nasciam com o espírito viciado em críticas, em reclamações, em mágoas e dores.

E aí, para fazê-las mais felizes, eu as abraçava e dizia:

– Amo você.

Usei muito este mantra.

Lidei com crianças que tinham problemas sérios, instintos delinqüentes, pequenos potenciais ladrões.

Eu me aproximava e fazia aquilo que os meus mentores faziam comigo, nos meus sonhos. Eu olhava nos olhos deles e dizia: – Eu amo você.

Não me importava se eles não aprendiam as lições que eu tinha pra ensinar. Se erravam a escrita, se rasgavam os cadernos, se cuspiam no chão.

Quando se potencializa o amor, propicia-se que toda essa energia se movimente. E esse amor, esse sentimento profundo de aceitação do outro como ele é, deve ser trazido pra você mesmo, no seu dia-a-dia, para sua família.

O outro é apenas o outro e o amor é você.

Gary Burton
Enviado por Gary Burton em 05/09/2013
Reeditado em 06/10/2013
Código do texto: T4468215
Classificação de conteúdo: seguro