TRAPACEIRO REFINADO
O assunto não é tão gostoso de se ler, mas vou tentar resumir o mínimo possível. Desculpem-me, mas meus amigos do R. L. precisam saber.
Aqui no Recanto,não faz muito tempo surgiu um escritor que tentou, tentou até cativar a minha atenção e amizade.
Pois bem, este indivíduo pedia-me sempre para ler seus textos e comentar. Mas os textos dele eram difíceis de ler, pois pareciam rascunhos com palavras incompletas, parágrafos sem sentidos e a gramática nota zero com erros grosseiros de redação, até uma criança escreveria melhor. Chegou um dia que ele pediu-me para revisar um original para enviar à Editora. Eu recusei e disse ainda: “isso é assunto para um revisor profissional eu não sou revisor, mal reviso os meus livros”.
Ele respondeu que não havia problema e que a revisão final seria com a Editora. Foi aí que eu entendi o que ele queria: revisão nos seus rascunhos, porque o que ele tinha em mãos não se podia chamar de original, de tanta imperfeição; creio que qualquer Editora devolveria o trabalho. Assim sendo, recusei porque sabia que para revisar os textos dele daria um trabalhão, mesmo que não fosse uma revisão perfeita, daria muito trabalho. Mas o homem me passa um e-mail dizendo que pagaria X para eu revisar. Eu respondi a ele que mesmo assim eu não podia fazer o serviço.
Mas ele insistiu tanto que acabei por aceitar, mas lhe disse que certamente não seria uma boa revisão, falhas ficariam levando-se em conta a péssima redação do original, e por eu não ser um revisor profissional. Em sua resposta ele disse que não havia problema e que a revisão final era da Editora.
Com um sacrificio enorme para adivinhar o que o autor queria dizer, para corrigir o texto, terminei a revisão contendo 65 páginas; enviei a ele totalmente revisado. Eu esperava o pagamento prometido pela revisão, do original, mas o que recebi foi a parte que faltava para revisão e encaixar na primeira parte do livro para ser encaixada na parte superior do original revisado. (já imaginaram?) pegar um livro para revisar começando do meio. Não foi uma tarefa fácil. Tive que refazer alguns parágrafos encaixar no texto revisado como primeira parte. Para revisar o novo texto do livro, tive que fazer uma revisão completa, de cabo a rabo, senão não se entenderia nada. Não foi uma tarefa fácil. Fiquei no aguardo do pagamento pelo serviço do primeiro original revisado, para depois dar início ao novo texto. Ocorre que o "ilustre doutor trapaceiro", em vez de enviar o pagamento ele enviou outra parte do livro com um e-mail de elogio dizendo que a revisão estava ótima. No dia seguinte recebi outro e-mail, cujo teor é este: (Não está ótimo, está fantástico).
Depois disso dei andamento à outra parte. Novas dores de cabeça, novas reformulações de parágrafos incompreensíveis e novas correções da gramática e mais dúvidas surgiram; não se entendia o que o autor queria dizer. Foi um deus nos acuda. Por fim terminei a revisão completa, isso depois de reler por mais três vezes o livro completo, numa espécie de "pente fino" catando algumas coisinhas para corrigir, que passaram despercebidos. Vale dizer que foram 130 páginas no total.
Antes de enviar a ele o livro revisado, pois eu já andava meio desconfiado de sua honestidade, pedi que depositasse o valor na conta XX. Ele não respondeu nada. Depois disso insisti para que ele fizesse o depósito e que a revisão estava´pronta. Ele me respondeu que queria ver o trabalho primeiro. Ora, se não houve nenhuma conversa sobre as condições de trabalho, o pagamento não dependia de olhar primeiro o trabalho para depois pagar. Dai para a frente o cara se transformou em um cliente bastante exigente. Iniciou-se então, uma série de desculpas de mal pagador. Eu estranhei o fato me parecia até que eu estava conversando com outra pessoa. Antes de aceitar o trabalho era uma coisa e depois do trabalho feito é outra. Levando-se em consideração que ele afirmara não haver problema, caso não ficasse perfeito. Não obstante, enviei a ele o original revisado sem visar algum pagamento, tendo em vista a sua má vontade em pagar o que ele prometeu. Como eu não vivo disso, não dei tanta importância ao fato. Na minha visão, a revisão ficou ótima, embora não seja um prof. de português, ou revisor profissional. Guardo o original dele e o mesmo original revisado por mim.
Agora ele diz que ficou uma porcaria, revisão ridícula, e que ele ia mandar um prof. de Português ler... Toda essas desculpas para não pagar.
Só por curiosidade; veja uma parte de um parágrafo do original.
“Salvos para o paraíso, onde o prazer e paz permanece , não permanece prazer e paz. O paraíso é um lugar chato onde permaneceremos felizes para sempre? – perguntou Laerte – essa chatice não existe”.
Este trecho eu peguei por acaso, mas existem trechos muito piores, até uma criança faria melhor.
Resumindo: Ele não pagou nada, alegando que a revisão não estava boa e com erros ridículos. Aí eu endureci dizendo que se erros haviam, eram do seu original. Ele abusou das críticas para não pagar. Não precisava nada disso era só falar que não podia pagar o combinado e eu deixava por isso mesmo. Eu arrumei o livro dele só para ajudá-lo, mas agora vou insistir em receber pelo meu trabalho, nem que seja nos tribunais, onde pretendo arrancar dele até a cueca.
Ele é um médico não confiável e é por isso que mergulho nos meus pensamentos: “coitados daqueles que caírem em suas mãos”.
Sua tática é “Pura conversa de quem não tem palavra”. Ou melhor, conversa de trapaceiro, com o intuito de ter alguém que arrume seus textos de graça. "VELHACO" é a palavra mais adequada para identificá-lo.
Com efeito, a minha intenção é deixar aqui um alerta a todos os amigos do Recanto para não cair em sua rede como eu caí.
Estejam preparados com esse indivíduo. Por uma questão de ética, deixo de citar o seu nome; não será difícil descobrir quem ele é. Trata-se de um médico escritor de contos, e está sempre presente em outras escrivaninhas pedindo para visitá-lo para ler seu "conto tal".
Por tudo isso rendo aqui a minha homenagem a um refinado trapaceiro, sem moral e VELHACO.