Diário de um stalker

Diário de um stalker

A crônica de um nerd ansioso procurando uma namorada no Facebook.

Dia 1 – 12h

Eu a vejo numa página qualquer no Facebook. Imediatamente, vasculho seu perfil. Fotos, amigos, últimas publicações. Lógico, confiro seu status de relacionamento.

Dia 1 – 16h

Sim, ainda o dia 1. Passo algumas horas pensando se devo ou não te adicionar. Depois de pensar muito, adiciono. A partir daí, fico atualizando meu navegador para ver se você me autoriza. Nada. Meu coração palpita. Opa, chegou uma notificação! Maldito candy crush. Melhor tentar dormir.

Dia 2 – 5h

Depois de uma péssima noite de sono, abro o Facebook umas 5h da manhã. Pois é, quem entra a essa hora no site? Eu. Com alegria, vejo que você me autorizou.

Dia 2 – 5:01

Mais uma vez, vasculho seu perfil. Agora, posso ver melhor suas fotos. Curto algumas para demonstrar interesse, marcar território e, por que não, para te conquistar de uma vez? Cutucar? Não, invasivo demais.

Dia 2 – 5:10

Droga, você não aparece online. O que diabos uma pessoa deve estar fazendo que não está no Facebook? Será que você me bloqueou no chat?

Dia 2 – 12h

Depois de algumas horas, deixo de almoçar para saber se houve algum progresso. Olha, ela está online! Prontamente, mando um “oi, tudo bem?”. Nada como um cumprimento informal para iniciar um grande amor, digo, uma conversa. Você demora a responder. 12:01 e nada. 12:02. Meu Deus, o que está acontecendo? Será que você viu o meu perfil, me achou feio e pensou que eu não seria capaz de gerar descendentes saudáveis? Ahhhhhhhhhhhhhhh, ela respondeu!

Dia 2 – 12:03

Pergunto onde você mora, onde você estuda, seus planos para o final de semana... Preciso saber tudo sobre quem eu cerco, li isso num livro chamado “A arte da guerra”. Você deixa de responder quais são seus planos para o final de semana, será que tem outro na parada? Será que tenho um opositor? Preciso fazer uma pesquisas... hum, Google, vamos... “matadores de aluguel Rio de Janeiro”.

Dia 2 – 12:05

Nossa, você ficou offline. Nem curtiu uma foto minha. Não disse se gosta de Beatles, Starbucks e nem de The big Bang Theory. Preocupante.

Dia 2 – 13h

Fim do horário de almoço. Estou fraco, mal consigo ficar de pé. Investi uma hora do meu dia num cumprimento de mais uma etapa da minha estratégia e nada consegui de efetivo. Estou abalado, tonto com seu descaso.

Dia 2 – 14h

Bato a cabeça no monitor do PC algumas vezes. Como você não me gratificou com a doçura do seu contato, mastigo um drops de halls inteiro.

Dia 2 – 16h

Consegui sair mais cedo do trabalho. Não estava me sentindo bem. Você me fez mal. Logo eu, que fiz tantos planos, que nos imaginei andando na Lagoa, namorando no cinema, correndo um do outro na praia até cairmos juntinhos no chão – que se danem os coliformes -, viajando para algum lugar de neve, dividindo um Kit Kat, cantando Los Hermanos...

Dia 2 – 20h

A noite chega e você está online. Que felicidade! Epa, espera um pouco, você me deixou falando sozinho da última vez e nem emitiu um pedido de desculpas? Bom, deixa para lá... Prontamente, corro com o ponteiro do mouse para o seu nome, clico 5 vezes para ter certeza, digo “oi tudo bem?”, mas você parece estar offline logo após ler minha mensagem.